A obra de Gustave Courbet, que representa uma genitália feminina, estava “protegida por vidro”, adiantou fonte do museu à agência France-Presse (AFP).
Esta ação, organizada pela artista performática franco-luxemburguesa Deborah de Robertis, chamou-se “Não separamos a mulher do artista”.
Duas mulheres etiquetaram “Me Too” [em referência ao movimento de denúncia de abusos sexuais] nesta obra de Coubert, bem como num trabalho de Valie Export, contou Deborah de Robertis à AFP.
No total, cinco obras foram etiquetadas com as palavras “Me Too”, segundo o Centre Pompidou-Metz, que explicou, em comunicado, que algumas pessoas “distraíram os funcionários e seguranças, permitindo que outros membros do grupo” etiquetassem as obras.
“Com todo o respeito que temos pelos movimentos feministas, estamos chocados ao ver as obras de artistas, especialmente artistas feministas, no centro das lutas da história da arte serem vandalizadas”, realçou Chiara Parisi, diretora do museu, citada no comunicado.
Já a artista explicou que queria “desafiar a história da arte”, em particular marcando MeToo nesta famosa pintura “porque as mulheres são a origem do mundo”.
Duas jovens, nascidas em 1986 e 1993 e sem antecedentes criminais, foram detidas pela polícia, adiantou à AFP o procurador público de Metz, Yves Badorc.
A obra roubada, um bordado vermelho em tecido de Annette Messager, chama-se “Penso, logo sou péssimo” (1991).
Questionada sobre este roubo pela AFP, de Robertis confirmou um “gesto de reapropriação”.
Uma reapropriação porque a obra provém do acervo pessoal de um crítico de arte, também um dos curadores da exposição “Lacan, quando a arte encontra a psicanálise”, na qual o bordado estava exposto, explicou de Robertis à AFP.
O presidente da Câmara de Metz, François Grosdidier dos republicanos de direita (LR) disse estar "indignado e chocado" com a tentativa de atingir a pintura de Courbet, referindo-se a um "ato criminoso contra uma obra importante” do património francês.
Pintada em 1866, "A Origem do Mundo" entrou para o acervo do Musée d'Orsay em 1995. A obra, mundialmente conhecida, mudou diversas vezes de ‘mãos’ e o seu último proprietário privado foi o psicanalista francês Jacques Lacan.
Deborah de Robertis explicou que criou esta performance feminista porque “o mundo muito fechado da arte contemporânea permaneceu até agora praticamente silencioso”.
Também denunciou, em carta aberta, o comportamento de outros seis homens do setor, classificando-os como “calculistas”, “predadores” ou “censuradores”.
Uma foto de Deborah de Robertis, chamada “Espelho da Origem do Mundo” também está exposta perto de “A Origem do Mundo” para a exposição do Centre Pompidou-Metz dedicada ao psicanalista.
Multada por se despir em frente à gruta de Lourdes em 2018, a artista foi também absolvida diversas vezes após ações semelhantes, nomeadamente em 2017, por mostrar os seus órgãos genitais no museu do Louvre em frente à "Mona Lisa", em Paris.
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