“É uma peça para toda a família”, porque a “primeira camada de entendimento do teatro deve ser o “prazer lúdico de diversão”, declarou, em entrevista à Lusa, António Capelo, diretor artístico do Teatro do Bolhão e intérprete da personagem de Sancho Pança na peça encenada por Kuniaki Ida.
Cem anos depois de “Dom Quixote de la Mancha” ter sido escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes (1615), o dramaturgo português António José da Silva, também conhecido por O Judeu, reescreveu para teatro de marionetas uma peça de para cerca de quatro horas de duração, focando-se no mundo de Sancho Pança.
Depois de António Capelo ter escrito uma versão mais curta daquela dramaturgia de O Judeu e dois meses depois de ensaios, chega na sexta-feira ao Palácio do Bolhão, a peça “Vida do Grande D. Quixote de La Mancha do Gordo Sancho Pança".
A peça acompanha o caminho de Sancho Pança num mundo “entre realidade e sonho, que muitas vezes se configura como um pesadelo entre o poder da folia e a folia do poder, como a Torre de Babel”, descreve o encenador.
“Quando o outro [Sancho Pança] desce à terra, o Quixote vai para uma outra realidade, vai para a realidade do teatro, que é uma dupla realidade. É como se o teatro também fosse uma espécie de consciência do mundo e nesse aspeto o texto também tem um valor hoje em dia exatamente por isso. Neste mundo de ‘fake news’ [notícias falsas], em que a gente não sabe o que é verdade e o que é que deixa de ser verdade há aqui um espaço de absoluta liberdade que é o teatro que pode de alguma maneira refletir ou ajudar a refletir sobre o nosso mundo”, diz, por seu turno António Capelo.
Neste espetáculo, “a ilusão e a realidade confundem-se num universo delirante e cómico, o idealismo (…) é também a capacidade de ver outra realidade, utópica e deixar-nos perder, divertir e maravilhar com D. Quixote e Sancho Pança”, lê-se no dossiê de imprensa.
O espetáculo pode ser visto de quinta–feira a sábado às 21:30, aos domingos às 16:00 e às quartas-feiras as 19:00, até 24 de novembro.
Os ingressos custam 10 euros.
Ângela Marques, Bernardo Gavina, Clara Gondin, João Paulo Costa, Rute Miranda, Mário Santos e Sandro Rodrigues são também os intérpretes nesta peça, para além dos protagonistas António Capelo e Paulo Calatré.
A luz vai estar a cargo de Rui Monteiro, o som a cargo de José Prata e os adereços têm a assinatura de Paula Cabral.
Cristóvão Neto é o responsável pela cenografia e adereços e António Capelo também ficou responsável pela versão cénica.
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