Sob o mote “os melhores presentes estão nas livrarias”, a APEL “convida os portugueses” a privilegiar neste Natal os livros e as livrarias, “muitas delas em risco de sobrevivência”.
Entretanto, as próprias livrarias desdobram-se em formas de se tentarem adaptar à realidade e criar formas inovadoras de chegar ao público, para garantirem a sua subsistência.
Nesta semana, dois grupos editoriais anunciaram ter aderido ao sistema de entrega de livros ao domicílio, como acontece já com os serviços de compra de bens alimentares.
Na quarta-feira, o grupo Penguin Random House — detentor das chancelas Alfaguara, Companhia das Letras, Objectiva, Arena, Suma de Letras, Nuvem de Letras e Nuvem de Tinta — anunciou ter chegado à Glovo, tornando-se assim a primeira editora portuguesa a ter loja na aplicação móvel que permite aos leitores da cidade de Lisboa encomendar na plataforma e “receber os livros em poucos minutos ou oferecê-los a quem mais gostam”.
Esta iniciativa quer “facilitar o acesso dos leitores aos livros, que naturalmente tem estado condicionado devido às limitações de horários das livrarias e dos espaços comerciais”, de forma “rápida, segura e confortável”, afirma a editora, sublinhando que “os últimos meses têm provado que os portugueses têm encontrado consolo e companhia na leitura”.
No mesmo dia, o grupo editorial Leya anunciou ter criado um novo serviço, disponível na grande Lisboa e linha de Cascais, que inclui livros de todas as editoras do mercado.
“Leya Express” é, segundo o grupo, um serviço de “entrega de livros em duas horas e sem custos de envio”.
No final de setembro foi anunciada também a criação de uma nova plataforma de venda ‘online’ para as livrarias independentes, a ser criada dentro do ‘site’ da Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), para impulsionar o setor do livro.
Esta solução, nascida, após o estado de emergência, da necessidade de identificar medidas para apoiar as livrarias independentes, envolve a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), a INMC e a Associação RELI — Rede de Livrarias Independentes.
O apelo lançado hoje pela APEL vem reforçar uma campanha lançada no mês passado, e que se estenderá pelas próximas semanas, pela APEL, para promover a compra de livros no Natal, que destacava “o facto de numa livraria ser possível comprar presentes para todos, evitando assim que as pessoas tenham de andar de loja em loja, o que, para além de ser prático, também ajuda a promover a saúde pública”.
A associação congratulou-se hoje também pelo cumprimento da Lei do Preço Fixo do Livro por parte do setor, sublinhando o “respeito que todos os agentes” estão a demonstrar.
Segundo a APEL, com base na informação disponibilizada pela Comissão de Acompanhamento da Lei do Preço Fixo do Livro, “os retalhistas, físicos e digitais, têm atuado dentro dos parâmetros legais, realizando promoções que respeitam o espírito da Lei”, um “aspeto fundamental para uma concorrência sã e o bom funcionamento do setor”.
De acordo com os últimos dados disponíveis relativos à venda de livros em Portugal, anunciados no final de outubro, o setor livreiro recuperou “algum fôlego” da queda abrupta que registou devido à pandemia, mas ainda assim continua com uma quebra de 15,8%, o que significa perdas no valor de 7,5 milhões de euros.
Segundo um estudo da consultora Gfk, com base nas vendas de livros em lojas físicas nos primeiros nove meses de 2020, até ao final da primeira semana de março, Portugal registou um ligeiro aumento de venda de livros, comparativamente com o mesmo período do ano anterior, com uma variação positiva de 0,9%, ou seja, mais 300 mil euros, para um encaixe de 27,4 milhões de euros.
Entre 19 de março e 2 de maio, o país esteve em situação de estado de emergência, que transitou imediatamente para o de calamidade, e o mercado caiu a pique.
Segundo a Gfk, o levantamento feito entre a segunda semana de março e a última de maio, revela uma perda de 16,1 milhões de euros (de 28 milhões em 2019, para 11,9 milhões em 2020), o que se traduz numa quebra de 57,6%.
A partir do final de maio e até ao final de setembro, verificou-se uma recuperação e os valores entrados alcançaram os 39,6 milhões de euros, mesmo assim, menos 7,5 milhões do que em igual período do ano passado.
Fazendo a avaliação total dos primeiros nove meses deste ano, o mercado livreiro português registou perdas no valor de 23,3 milhões de euros, face a 2019 (de 102,2 milhões para 78,9 milhões).
Em termos globais, as perdas em Portugal são atualmente de 22,8%.
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