Em declarações à Lusa, Diana Ferreira Lopes, coordenadora da Musqueba – Associação de Promoção e Valorização da Mulher Guineense, explicou que serão organizadas tertúlias e atividades de reflexão, dando “espaço à comunidade para falar e debater”.
O objetivo “é sensibilizar as pessoas para a mutilação genital feminina, para o combate da prática”, resume, referindo que a associação constituída há dois anos por mulheres da Guiné-Bissau residentes em Lisboa, embora direcionada para as comunidade da Guiné-Bissau, tem recebido a colaboração de pessoas da Guiné-Conacri, nomeadamente de homens que se opõem à MGF.
A campanha segue-se ao projeto, que está a chegar ao fim, que a Musqueba tem coordenado na zona da Damaia (Amadora), “um dos focos com mais comunidade guineense”, durante o qual formou dez pessoas, cinco mulheres e cinco homens, para replicar o combate à MGF na comunidade.
“No projeto, foram os homens que se destacaram mais. As mulheres, embora também tenham interesse em mudar a mentalidade, têm uma vida mais preenchida do que os homens”, justificou Diana Ferreira Lopes.
A responsável considerou que, “sem dúvida alguma, a mentalidade está a mudar e cada vez mais homens se sentem parte importante e integrante para mudar a face da mutilação genital feminina”, referindo que a formação optou pelo ângulo dos Direitos Humanos das Mulheres, no contexto da desigualdade de género, e não especificamente da MGF.
“No Pára Fanado di Mindjer | Paremos com a Mutilação Genital Feminina” é o lema da campanha, que foi lançada a 24 de setembro, dia em que se assinala a independência da Guiné-Bissau, onde metade das mulheres estão sujeitas à prática, sendo o único país falante de português que aparece nos documentos internacionais relativos ao fenómeno.
A MGF – que tem consequências físicas, psicológicas e sexuais graves, podendo até causar a morte – afeta 200 milhões de mulheres e meninas em mais de 50 países, de origem (sobretudo africanos) e de acolhimento.
Estima-se que em Portugal vivam 6.500 mulheres excisadas. Entre abril de 2014 e março de 2016, a plataforma que sinaliza a prática contabilizou 136 vítimas, todas com mais de 15 anos e sujeitas à MGF fora de território nacional.
A MGF é crime público tanto em Portugal, como na Guiné-Bissau.
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