Depois de "Carminho Canta Tom Jobim", "Maria".

"Maria", que carrega uma componente individual e coletiva, começa numa subtração de elementos, em "A Tecedeira". E a partir de aí nasce um disco que é uma "regressão" à sua origem como fadista e ao que sente ser o fado. Num trabalho que apelida de umbilical, mais maduro e que retorna à casa de fado. Não um regresso físico, mas recriado em estúdio através de outras figuras, que soma à pintura que acredita ser o fado.

O fado, o fado, o fado. Carminho fala do fado nesta entrevista como algo maior — quase transcendente. Vital, para si. Vital, para todos nós. Num exercício que procura e dá respostas à tradição e à contemporaneidade — e quem as crítica. Sem amarras ou preconceitos de ser "popfado", mas não o sendo apenas.

Diz: O fado "é uma experiência", "conta histórias", "uma linguagem", "uma língua viva". O fado "é como eu sou", em resumo.

O fado de Carminho e de "Maria" é este:

Por várias vezes disse que o fado é a sua salvação. Quantas vezes já o foi?

É sempre. Não é uma coisa de um momento em especial, mas é a forma que tenho de me orientar, de me sentir útil na vida e de encontrar respostas para as minhas dúvidas.

E pode ser a salvação de outros? Daqueles que o ouvem?

Pode, e já tive o prazer de ouvir esses testemunhos. Da forma como certas letras e certos artistas inspiram pessoas. Pessoas que se sentem perdidas ou sozinhas. O fado é consolador, por vezes.

Escolhia algum em específico, nessa missão que lhe atribui?

Não sei, acho que isso está dentro das pessoas. Nunca se sabe o que vai tocar em cada pessoa. Nós também não sabemos quando é que vamos ser tocados por alguma canção. Acontece, às vezes, do nada, sermos surpreendidos por outros artistas, por uma peça de arte numa exposição ou pelo depoimento de alguém. Nunca sabemos. Posso dizer que já recebi uma carta de uma pessoa que me disse que a "Senhora da Nazaré" [do álbum "Fado", 2009] lhe dava sempre uma força muito grande e a fazia pensar em não desistir. É curioso e meio bizarro. Obviamente que não sou eu que salvo as pessoas; são as pessoas que se salvam a si próprias. Elas encontram pontos de esperança e de consolo e nós [artistas], sem saber, fazemos isso por elas. Por isso é que o mundo é mágico. Andamos todos aqui a inspirarmo-nos uns aos outros e a acabar, sem saber, por nos salvarmos uns aos outros.

"Andamos todos aqui a inspirarmo-nos uns aos outros e a acabar, sem saber, por nos salvarmos uns aos outros"

Porque é que diz que este novo disco é um trabalho mais pessoal e íntimo?

Porque foi um processo de regressão à minha origem como fadista e ao que sentia ser o fado para mim. Resultou da minha procura por perceber o que é que aprendi com o fado — desde que era pequenina, quando estava de pijama ao colo do meu pai a ouvir a minha mãe cantar — e o que é que havia em comum em todas as noites de fado que vivi. Fui até à essência, ao essencial e ao minimalismo. Contrariando um bocadinho a tendência dos últimos anos, não é? A tendência da adição de elementos ao fado — onde também estou incluída e que é próprio do fado — como se este fosse um quadro onde vamos pintando e somando novas figuras — as percussões, os acordeões, os pianos — às tradicionais que já lá estavam. [Neste disco] fui subtraindo. Subtraí ao ponto de retirar os instrumentos ao fado e chegar apenas a uma voz. Foi aí que começou o disco e é por isso é que é tão íntimo.

A inclusão do tema "PopFado" não é por acaso, então.

Não.

É interessante como um tema dos anos sessenta, que se celebrizou na voz do António Calvário, diz tanto sobre um certo tipo de fado dos dias de hoje, que vai somando essas figuras.

"O fado que é democrata / mudou agora de estilo / pegou-se à arte abstrata / em concordata com tudo aquilo / deixou-se de vadiagem / e é todo intelectualizado / quis aprender a linguagem / e a mensagem do popfado"

Exatamente, e que não deixa de ser uma crítica a mim mesma, um riso de mim — sendo eu parte desta geração. Mas é uma questão [a de adição de novos elementos ao fado] infinda, sem resposta. Vai sempre existir entre os fadistas e as pessoas que não o são. Entre aqueles que utilizam os elementos do fado para fazer as suas músicas ou entre os fadistas que querem ir para outras mentalidades e fundir o fado. Estes movimentos de preservação do fado e de contemporaneidade vão trazendo sempre discussões. Porque há muitas discussões sobre até que ponto determinada incursão é verdadeira, honesta e defende o fado. Ou se está a ser levada por outros valores que têm mais a ver com atrair mirones, como diz o próprio tema.

A inclusão do tema surge como resposta a críticas que lhe tenham sido feitas?

Não. Às vezes sou criticada, mas não me sinto atacada. Gosto das críticas, porque acho que são construtivas e importantes para a pessoa crescer. Desde que as pessoas saibam analisá-las por si próprias e sejam honestas consigo mesmas. Cada um faz como quer, e eu acho que tenho de ser honesta comigo. Posso ouvir a crítica e ela pode ajudar-me a pensar, mas no fim tenho de conseguir ter uma resposta onde me sinto em paz comigo e que defenda aquilo que apresento às pessoas.

"Posso ouvir a crítica e ela pode ajudar-me a pensar, mas no fim tenho de conseguir ter uma resposta onde me sinto em paz comigo e que defenda aquilo que apresento às pessoas"

Quando é que percebeu que queria fazer esse exercício, a que chama de regressão?

Não sei. Andava a pesquisar muito, mesmo antes do Tom Jobin [do disco de 2016, "Carminho Canta Tom Jobin"]. Ouvi a coleção toda do Giacometti, das captações que fez pelas regiões de Portugal [Michel Giacometti foi um etnomusicólogo corso que fez importantes recolhas etno-musicais em Portugal]. Dos cantares de trabalho — que resultou num tema que fiz com os Tribalistas, o "Trabalivre" — à razão de ser do fado. Porque no início, o fado não era uma expressão artística. Era uma questão de sobrevivência emocional e de força.

Fui eu que produzi o disco. Depois de uma recolha exaustiva de reportório e de materializar como queria passar essa ideia da origem do fado, percebi que queria fazê-lo de três formas. Aceitando o momento, através da voz e do ambiente. Podia ter ido gravar o disco a uma casa de fados, ao vivo, mas quis, de alguma maneira, reinterpretá-la em estúdio. Por isso escolhi a pedal steel [um tipo de guitarra]. Mesmo vinda do country, e não do fado, tem um cariz ambiental que me diz muito. Sobre fado e sobre contar uma história — que também é outro dos valores que aprendi com o fado. O fado conta histórias.

E as letras, o poema?

A letra entra a par da música e do ambiente. Mas mais do que a letra, é a forma como se a canta, como os músicos acompanham aquilo que estou a dizer e que ambiente a envolve.

Ambiente, que pode ser criado pela ausência dele. Como começa o disco [com "A Tecedeira"].

Mas há um ambiente...

Há um ambiente, pela ausência dos outros elementos. Pelo facto de ser um tema cantado à cappella, pela gestão do silêncio. Quase se ouve a respiração...

...e a boca.

créditos: Mariana Maltoni

Em algum momento se sentiu presa à tradição do fado?

A tradição não me prende nada, a tradição é a minha linguagem. Eu comecei a cantar o fado ao mesmo tempo que comecei a falar português. É tão natural que não me sinto presa: é como eu sou. Não me lembro quando comecei a falar português, nem como. De repente, já sabia. E não me sinto presa no português. O fado para mim não é uma prisão, é uma certeza. Quando tenho de abordar o fado, tenho muita certeza. Se tivesse de produzir um disco de rock iria estar muito mais presa, porque não é a minha linguagem.

Este é um disco de fado e sobre o fado?

Sim, sem dúvida. Este é um disco de fado, sobre o fado. E, sobretudo, sobre o que é o fado é para mim.

"A tradição não me prende nada, a tradição é a minha linguagem. Eu comecei a cantar o fado ao mesmo tempo que comecei a falar português"

E o que é?

[risos] O fado é uma experiência. Uma experiência emocional que conta uma história e que vive num ambiente próprio que o ajuda a contar essa história. É uma forma de expressão e de honestidade — e por isso é que vive do momento e não se importa com o erro. O fado é uma comunidade dinâmica, que convive e precisa de estar em consonância — os músicos que se acompanham uns aos outros dirigidos pela voz.

Ao quinto disco, parece que há aqui um ciclo que se completa. O de um fado que saiu da casa de fados, que se abriu a um mundo e que regressa, à sua base...

Já novo, diferente. Com outra maturidade, mas querendo regressar. É verdade.

No regresso, qual é a sua principal diferença? É essa maturidade?

Quando estás muito tempo fora ganhas saudades. Fora do estilo, fora do país ou [neste caso] fora das casas de fado. E as saudades fazem voltar a pensar nas coisas de uma forma mais intensa, mas também de fora para dentro. Olhar com olhos de quem faz um exercício de memória. 'Que giro, quando era assim'. Na altura era tão inato que não parava para pensar o que é que aquilo era. Simplesmente vivia aquelas noites de fado e sentia coisas, mas não sabia o que é que aquilo era e o que sentia. Ao sair [das casas de fado] e ao pensar nelas percebi porque é que sentia aquelas emoções todas às quais tive necessidade de dar respostas formais.

Fotografia da capa de "Maria", o novo disco de Carminho créditos: Mariana Maltoni

Ao novo disco deu-lhe o nome de "Maria", que é o seu primeiro nome. Quem é que a trata desta forma?

Só as pessoas com quem tenho mais intimidade é que me tratam assim.

A partir de agora poderá ter toda a gente que o oiça a tratá-la dessa forma.

Não, tratam-me por Carminho porque "Maria" é o disco... [risos] Eu costumo dizer que Maria do Carmo é para os amigos. Mas claro que sim, quero que as pessoas entrem um bocadinho mais [no meu mundo] e que sintam que lhes dei ainda mais um bocadinho de mim.

"Este é um disco de fado, sobre o fado. E, sobretudo, sobre o que é o fado é para mim"

petit nom Carminho vem de quando começou a cantar. Remonta aos seus 12 anos, quando subiu ao palco do Coliseu de Lisboa, pela primeira vez, para representar a sua família num concerto de fados. Anos mais tarde, apresentar um disco com "Maria" no título é dar mais de si e quase que anula o diminutivo de Carmo. A menina que deixa de ser menina e torna-se mulher. Este disco também é isso?

É engraçada, essa visão. Acho que é pertinente; não tinha pensado nisso dessa maneira. Mas sim, Carminho é um diminutivo que, de alguma maneira, acabou por ser o nome pelo qual as pessoas me conheceram. E, de repente, há esta inversão, acompanhada de uma exposição maior e de uma maturidade maior. "Maria" representa, em nome, uma outra coisa: é um nome por excelência de todas as mulheres. E homens, há muitos homens com esse nome! É um nome tradicional, que surge provavelmente no princípio de Portugal. Eu costumo brincar com isso — digo que a Dona Urraca devia ser Maria Urraca... Mas o Urraca não ficou na moda, só o Maria. Hoje, se tivermos amigas que estão à espera de uma menina, provavelmente vão escolher pôr Maria a essa filha, porque é um nome que continua a ser contemporâneo. É exatamente como o disco, um exercício sobre a tradição, sobre aquilo que é mais essencial no género musical que eu represento. Atravessando a vida que me amadureceu e que me ensinou tanto, continuando a querer cantar fado na minha época. Porque sinto que o fado é uma língua viva, não ficou morta e parada, continua a ter pretextos e razões para ser dita hoje. Com as suas alterações, com as transformações que o mundo de hoje provoca nos fadistas e nos músicos. Por isso é que este pop/fado vem com uma crítica a mim própria, mas também à própria geração. Se tu gostas do fado tradicional, tens que o deixar ir. Se queres prendê-lo, ele deixará de o ser.

"Se tu gostas do fado tradicional, tens que o deixar ir. Se queres prendê-lo, ele deixará de o ser"

Deixá-lo é amá-lo, porque prendê-lo é estar a limitá-lo...

É estar a matá-lo, porque ele é uma língua viva. Sempre foi reflexo da sociedade como ela é. O fado vem de um lugar, não é uma árvore só de copa: é uma árvore que tem uma raiz, um tronco e uma copa. Pode até crescer muito alto, mas continuará sempre a ter uma raiz. Não podemos cortar a árvore e viver só da copa.

Neste disco há uma compositora que não vem do fado, vem do jazz: a Joana Espadinha. Como foi trabalhar com ela? Vocês não se conheciam...

Ela enviou-me um tema para casa através de um amigo. Pediu ao amigo de um amigo pelo meu e-mail para mandar uma música. E mandou-me uma canção a altura em que eu estava a fazer o disco [de homenagem a] Tom Jobim. [Nessa altura] não estava muito disponível para ouvir canções novas porque estava a fazer um [outro] disco. Foi assim um bocado estranho, mas eu ouvi-a e fascinei-me com aquela canção ["O Menino e a Cidade", primeiro single de "Maria"]. Ela disse-me que tinha sido feita especialmente para mim, para a minha voz. Achou que aquilo fazia sentido, e eu também.

[A Joana] percebeu-me, não sei como, não a conhecia na altura! Agradeci-lhe pelo poema, pela canção, mas disse-lhe: 'podes esperar dois anos?' E ela disse-me que como a canção foi feita para mim era minha, e como tal, claro que podia esperar. Passado um ano e meio, voltei a querer pegar outra vez nos meus poemas e nas minhas canções. Liguei-lhe, convidei-a para vir a minha casa para nos conhecermos, e aí trouxe, numa pasta, mais canções que tinha feito para mim. O que foi curioso, porque também elas eram canções lindas. É raro encontrar um compositor com quem nos identificamos tanto, e vice-versa. Trabalhámos as canções, o que também é importante; um compositor poder ter a flexibilidade de trabalhar com um intérprete para que seja uma peça que faça sentido ao intérprete, que não seja algo fechado e estanque...

Porque tem de as cantar, e torna-se complicado se assim forem...

Claro, têm de fazer sentido. Das várias canções que trabalhámos, ficaram duas neste disco. E tenho a certeza de que vamos voltar a trabalhar mais vezes, porque nos identificamos uma com a outra. Sobretudo acho bonita esta forma cúmplice com a qual chegamos a uma canção: ter um compositor que esteja para um intérprete como um intérprete está para um compositor. E [neste disco] por coincidência, os únicos inéditos são de mulheres.

E quando é que a Carminho escreve? "Maria" volta a ter alguns temas seus. 

É muito aleatório. É por impulso, as coisas surgem, e eu não posso quebrar esse impulso. Quando surge, eu aproveito, gravo, tiro notas num papel, vou recolhendo e passando para o computador, arquivando. E depois há um poema que me interessa, como o foi o "Cavalo", que musiquei porque me inspirou. É uma coisa que não tem necessariamente a função de fazer parte de um disco, meu ou de outra pessoa. É uma necessidade como outra qualquer e [cujos resultados] vou arquivando e dando uma importância relativa. Mas depois fui fazer a recolha de todos os poemas que tinha, reli-os... Porque há poemas que arquivamos porque, a dada altura, fazem sentido, e depois deixam de fazer sentido, e podem voltar a fazer. Tenho sempre ali uma gaveta recheada de coisas de que gosto, mas que nem sempre fazem sentido no momento. E começaram a sair várias coisas que tinha feito, foi interessante.

"Esta "Maria", que sou eu, mas não só: são muitas mulheres e homens portugueses"

Envia esses poemas a alguém?

[Enviei por] duas vezes. Essas pessoas ainda não as gravaram. De vez em quando mostro-os a pessoas de quem gosto, para os criticarem, para perceber se gostam; a opinião dessas pessoas é sempre importante. É muito importante haver espelhos que nos ajudem a vermo-nos melhor. Acho impossível uma pessoa viver sozinha no seu trabalho. Este disco é muito pessoal, porque fui eu a produzir e vinha de um pensamento muito umbilical. Com a pré-produção fui encaminhando os temas para o lugar onde gostaria de os ouvir; e eles foram-se materializando e fazendo sentido. Depois é preciso ter um manager que me oriente, uma editora que acredite, que faça viver esse disco. Ter os jornalistas que querem saber o que queremos dizer com os discos... Isso é tudo fundamental para chegar às pessoas. Têm que ir já com uma segurança. Independentemente do que as pessoas pensarem, eu estou segura do que apresentei. E isso passa por ter também esse ciclo pequeno de pessoas que nos ajuda: a minha mãe, os meus irmãos...

A ausência de duetos vai ao encontro do que já disse, por ser tão pessoal?

Não se proporcionou.

O disco tem uma componente estética muito forte: quatro fotógrafos assinam as fotografias que o acompanham. Alguns deles grandes nomes da fotografia, como o Julião Sarmento. Porquê essa escolha?

Quando o disco começou a nascer, senti logo que era importante que a sua imagem refletisse uma visão 360º da conceção. A imagem nasceu como estava a nascer o próprio disco, durante a produção. A capa, o design, o vídeo... Tudo tinha de ser coeso, forte e contar a história do disco. Por isso fazia sentido ter uma direção criativa que unisse tudo: os artistas, o disco, a mim. E aconteceu trabalhar com uma pessoa muito talentosa, com um currículo incrível, o que foi um privilégio para mim: o Giovanni Bianco. Começámos então desenhar um guião, que acabou por passar por lugares muito pessoais, umbilicais, não só do fado como da própria cidade: Alfama, o porto, o Tejo, e também o estúdio. Eu escolhi o Julião Sarmento, ele sugeriu o José Pedro Cortes, a Inês Gonçalves e a Mariana Maltoni. Artistas incríveis que, de uma forma muito diferente, deram uma imagem desta mulher, esta "Maria", que sou eu, mas não só: são muitas mulheres e homens portugueses.

"Sentir que represento Portugal ou algo que é tradição, que é único no nosso país e que nos faz ser reconhecidos, que nos diferencia de outras culturas, é para mim uma honra"

Há uma componente individual e coletiva que o "Maria" carrega.

Exatamente. É viver com o nome, com a própria cidade e com os ícones mais profundos da cultura do fado, que são a tradição e a contemporaneidade. A noite, a cidade... Estar junto do rio Tejo e pensar em toda a ancestralidade e simbologia presente naquele lugar das partidas, das chegadas, das esperas, do vento que leva os recados e traz as caravelas, que faz funcionar o mundo... Foi um trabalho muito feliz. Acabou por fazer todo o sentido reunir esta imagem nesta personagem que sou eu, mas também és tu.

No "5 Para a Meia-Noite" disse que uma vez ia a passear por Lisboa, e o condutor de um tuk-tuk aponta para si e diz: "very typical". A Carminho já é "very typical"?

[Risos] Não faço ideia! Se é bom, se é mau... Eu gosto de pensar que luto por me sentir integrada na cultura que carrego. E isso é um lado que dá e recebe. Fui recebida no fado, conheço a origem, estou dentro da linguagem, mas ser reconhecida como tal de fora para dentro também é muito gratificante. Sentir que represento Portugal ou algo que é tradição, que é único no nosso país e que nos faz ser reconhecidos, que nos diferencia de outras culturas, é para mim uma honra. De alguma maneira o fado é contemporâneo, mas vem de uma tradição... Não é só o que é hoje, é tudo o que o construiu. É uma honra poder representá-lo.