Desta forma, a Biblioteca da Casa Fernando Pessoa aumenta a sua coleção, passando a integrar fisicamente nove títulos, numa altura em que “se prepara uma nova museografia que mostrará de forma mais acessível ao público este importante acervo”, revelou a Casa Fernando Pessoa, em comunicado.

“A Biblioteca Particular de Fernando Pessoa, o conjunto de livros que leu e onde deixou notas, é sem dúvida um caminho para o melhor conhecimento do leitor e do escritor que Pessoa foi”, acrescenta.

Sobre sete dos livros, bens culturais móveis classificados, a Câmara Municipal de Lisboa exerceu o direito de preferência, ao passo que sobre os outros dois, que não estavam classificados por não apresentarem “marcas autógrafas de utilização” de Fernando Pessoa”, foram licitados, durante o leilão, pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), empresa municipal que tutela a Casa Fernando Pessoa.

Oito destes livros já se encontravam digitalizados e catalogados, integrando a biblioteca em versão digital, mas esta aquisição não só enriquece o acervo físico de livros, como contribui para minimizar a sua dispersão (há ainda títulos na posse da família e na Biblioteca Nacional de Portugal).

Do conjunto de livros adquiridos — num leilão promovido pela leiloeira Vicente F. Leilões, em 18 e 19 de junho —, o único que ainda não estava catalogado é o exemplar de “Bacon vs Shakespeare”, de Edwin Reed, sendo que as questões relacionadas com a autoria e identidade de Shakespeare eram “tema caro a Fernando Pessoa”.

Passa a estar também integrada na coleção uma cópia de “A Morte de D. João”, de Guerra Junqueiro, que pertenceu à mãe do escritor, e no qual se lê a dedicatória do filho: “30 de dezembro de 1909. Oferece à Mamã, o Fernando”. Este exemplar junta-se agora, na estante, ao mesmo livro que pertenceu ao escritor.

A Casa Fernando Pessoa destaca ainda o exemplar de “Athena, Revista de Arte”, um volume encadernado que reúne os cinco números da revista, que foram publicados.

“Em 3 de novembro de 1924, Pessoa declarou ao Diário de Lisboa que em Athena vinha ‘(…) nada menos que o primeiro livro, inteiro, das Odes de Ricardo Reis.(…)’. A marginália (notas manuscritas do escritor) incide, entre outras páginas, sobre estas odes, sobre o poema ‘Ela canta, pobre ceifeira’ publicado em nome de Fernando Pessoa, bem como sobre ‘O guardador de rebanhos’ e ‘Poemas inconjuntos’ de Alberto Caeiro”, especifica o comunicado.

Outros livros adquiridos foram “How to read character in features, forms & faces”, de Henry Frith, que contém duas assinaturas de posse, sublinhados e “importante quantidade de marginália”, bem como “Scientific Phrenology”, de Bernard Hollander, que inclui assinatura na folha de guarda — “F.A.N.Pessoa. 13 de junho de 1905″, data do seu 17.º aniversário — marginália no corpo de texto e na folha de guarda e ainda sublinhados.

“Plays by…”, de Anton Tchekoff (Anton Tchekov), com assinatura de posse e sublinhados, e “An introduction to the study of Kabalah…”, com vários sublinhados a lápis e anotações no texto e folhas de guarda, este último o único livro do autor a constar da biblioteca”, são os restantes livros classificados.

As duas obras adquiridas e não classificadas são “Eduardo Malta”, de Ricardo Espírito Santo Silva, valorizado com uma dedicatória autógrafa do autor — “ao grande poeta Fernando Pessoa” — e “Orpheu. Afina a lira”, um opúsculo com oito folhas, muito raro, lançado com o objetivo de criticar a revista Orpheu, e que é referido numa carta de Mário de Sá-Carneiro para Fernando Pessoa, datada de 23 de agosto de 1915.

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