Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta)

O meu primeiro disco de vinil? Ui, não faço já ideia... Sei que foi um single, porque quando tive o primeiro álbum já tinha uma quantidade considerável de singles - mas qual? O primeiro que me lembro de comprar foi o "Children of the Revolution" dos T.Rex, acho... Ou seria o "School's Out" dos Alice Cooper? Não tenho a certeza. Nenhum foi o meu primeiro vinil, mas um ou outro são os primeiros que me lembro de comprar.

O "Children of the Revolution" foi comprado em Lisboa, em dezembro de 1972, numa das muitas lojas de discos que então havia na Rua do Carmo, e foi comprado com o meu avô, que mo ofereceu. Teve direito a pré-audição conjunta numa das cabines de audição que então havia nessa loja. O "School's Out" foi comprado mais ou menos na mesma época, mas em Braga, na Sonolar, uma loja de eletrodomésticos que, a exemplo do que era então comum, tinha também um balcão só para venda de discos. Fui comprá-lo com o meu irmão, que por sua vez comprou um single dos Creedence Clearwater Revival.

[Culto ou moda?] Bom, eu nunca deixei de ter e comprar vinis - aliás, as minhas mais interessantes compras foram nos anos 90, quando toda a gente começou a desfazer-se dos discos de vinil para comprar o equivalente em CD e quando os junkies começaram a vender os discos para comprarem pó - fartei-me de comprar caixotes de discos por tuta e meia e a minha coleção de vinis foi adquirida maioritariamente nessa época. Portanto, não posso dizer que seja por moda! Por outro lado, desde há uns anos a esta parte, com a crise da indústria fonográfica e a fetichização do vinil e o consequente aumento do seu preço, virei-me para a compra de CDs, que agora estão ao desbarato, e deixei de comprar vinis, salvo exceção. Farto-me agora de comprar CDs por tuta e meia àqueles que preferem comprar o equivalente em vinil e a minha coleção de CDs foi constituída maioritariamente nos últimos cinco anos. Portanto, não posso também dizer que haja um qualquer culto do vinil...

Alex D’Alva Teixeira (D'Alva)

Oferecido foi um 7 polegadas single do "Do They Know Is Christmas" da Band Aid de 1984, comprado foi provavelmente o "UM/I" dos Papaya. O primeiro foi-me oferecido provavelmente em 2004 por um dos meus tios e o segundo comprei num concerto da banda em 2015.

[Culto ou moda?] Acho que é as duas coisas. Comecei a colecionar discos porque sempre senti curiosidade e fascínio pelo formato. Mas colecionar discos só deixou de ser uma intenção a realidade quando os meus amigos me ofereceram um gira-discos e o "Overgrown" do James Blake.

Camané

[O primeiro] Foi um disco dos Beatles. [Pertencia aos] discos que os meus pais tinham em casa.

[O vinil] Ainda é um culto.

Carlos Nobre (Carlão, Da Weasel)

[O meu primeiro disco] Pedi à minha mãe - estava na montra de uma loja em Almada. Ela ofereceu-me.

[Moda ou culto] Não estou assim tão dentro do mercado para opinar sustentadamente… Mas acho que pode ser um pouco dos dois. Há pessoas que defendem o som do vinil até à morte. Outras haverá que compram mais por onda/piada/estética. É um objecto muito bonito, sempre.

Francisca Cortesão (Minta & The Brook Trout)

O primeiro vinil de que tenho memória é um single do Paul McCartney, aliás, Paul McCartney and The Frog Chorus, chamado “We All Stand Together”. O primeiro que me lembro de ser eu a comprar foi também um single, o “Cannonball”, de Breeders. Duas canções maravilhosas, portanto, e que resistiram muitíssimo bem à passagem do tempo.

Comprei o Cannonball algures no início da década de 2000 em Lisboa, numa loja de discos que ficava no andar de cima de uma loja de roupa e que entretanto já fechou.

[Culto ou moda?] Não tenho a certeza que seja alguma das duas, mas sei que gosto muito do ritual de ouvir música em vinil.

Héber Marques (HBM)

O meu primeiro disco vinil foi o “Purple Rain” do Prince. Comprei-o na FNAC.

[Culto ou moda?] Acho que neste momento é um pouco dos dois. 

Hélio Morais (Linda Martini)

Não me consigo lembrar de qual foi o meu primeiro disco em vinil. No entanto, um dos mais importantes foi o "Burn Piano Island, Burn", de The Blood Brothers.

Foi-me oferecido pela Cláudia [Guerreiro] e foi uma surpresa, acompanhada de dedicatória do baterista, com quem partilhei o palco nesse dia, num concerto de If Lucy Fell.

[Culto ou moda?] Vinil é um prazer pessoal. Quanto aos outros, cabe-lhes dizer o que significa para cada um.

Kalaf (Buraka Som Sistema)

[O primeiro disco] Meia dúzia de 7 polegadas de artistas angolanos, entre eles: David Zé, Luiz Visconde, Artur Nunes, Ruy Mingas.

Trouxe-os de Benguela, eram discos que estavam lá em casa desde sempre e tal qual objetos preciosos que resgatamos de um incêndio ou de um navio prestes a naufragar ou talvez, ainda que  inconscientemente, senti que viajava para o “exílio” e aquele punhado de discos em vinil me fariam companhia quando a saudade se tornasse insuportável e Lisboa se transformaria numa ilha deserta.

[Culto ou moda?] Sinto que se enquadra na categoria do culto embora haja que embarque nessa viagem seduzido pela coolness e o design do objeto.

Luís Gravito (Cão da Morte, Luís Severo)

[O primeiro disco] Foi o "She Wants Revenge". Comprei na Carbono quando andava no 9º ano.

[Culto ou moda] Para cada pessoa será uma coisa. Para mim é uma forma bonita de ouvir música, que envolve um ritual divertido e te proporciona um som diferente. A cena de ser mais difícil mudar de música também te leva a saborear melhor o disco. Como objeto, por ser maior, há muito mais destaque para o artista que trabalhou na capa. Sei lá, tanta coisa.

João Gil (You Can't Win Charlie Brown)

[Primeiro disco de vinil] Foi o “Maiden Voyage” do Herbie Hancock. Foi oferecido por um amigo, em Lisboa, no ano de 1996.

[Culto ou moda?] Vinil é um multo, uma mistura de moda e culto.

Márcia

[Primeiro disco de vinil] Do Sting, o “Ten Summoner's Tales”. Foi comprado num hipermercado, onde fui com os meus pais quando tinha 11 ou 12 anos. Comprei-o com a soma de várias semanadas.

[Culto ou moda?] É um culto que está na moda.

Miguel Araújo

Nunca tive nenhum. Nem sequer alguma vez tive gira discos...

[Culto ou moda?] Talvez ambos, mas não saberia dizer pois nem sequer sei pôr um disco a tocar. Acho que a música, imaterial que é, vai perdendo todo o lado material que se lhe associa. É inevitável. Dito isto, os vinis não irão desaparecer totalmente. Ainda se anda de cavalo e ainda se colecionam selos e cachimbos. Mas eu não, de maneira nenhuma.

Rui Reininho (GNR)

Os primeiros foram necessariamente singles quando recebi um pick up, um pequeno gira-discos em malinha: 45 rotações do Boby Solo, Johnny Holiday. Mas os primeiros foram o “Macaco de Rabo Cortado” / “Contos de Fadas”...

Comprado mesmo na baixa do Porto, “Je T`aime, moi non plus” do Serge Gainsbourg, “Victoria” dos Kinks ou ... Dalida !

[Culto ou moda?] É um ato único e emocionante pegar num LP de vinil e compartilhar do mundo que ele contém: Espelho meu...

Samuel Úria

O meu primeiro disco de vinil foi o “Innervisions” do Stevie Wonder, comprado já em adulto porque a minha adolescência calhou em cima do domínio do CD.

Foi comprado na Feira da Ladra. A capa estava impecável mas o lado A um bocadinho riscado. Não regateei porque sou burro.

[Culto ou moda?] A particularidade do som, e o gozo de se apreciar um artwork de capa em formato grande, não se justificam por nenhum hype, nem deixarão alguma vez de ter adeptos.

Sónia Tavares (The Gift)

[O primeiro disco] Mesmo meu, meu a sério foi o vinil dos Culture Club, "Kissing to be clever". Foi a minha mãe que mo comprou, numa loja emblemática em Alcobaça, a Scala.

[Culto ou moda?] Um bocadinho dos dois, mas ainda bem, assim talvez a era digital não dizime o físico, o objeto, a obra nos próximos tempos.