Sara Barros Leitão falava à Lusa a propósito da estreia de “Teoria das Três Idades”, no âmbito da programação do festival Internacional de Teatro de Espressão Ibérica (FITEI), a decorrer no Porto, até ao final da semana.

O FITEI assumiu para a 41.ª edição o tema “empoderamentos”, tendo destacado a presença de várias mulheres como dramaturgas e encenadoras, em vários espetáculos da programação, como Marta Freitas, Raquel S, Ana Luena ou Sara Barros Leitão, que considera, apesar das boas indicações, que o teatro português ainda tem “um caminho muito longo a percorrer” neste aspeto.

“Continua muito por fazer, tudo o que está a mudar ainda precisa de muita força. Sinto isso. Fico contente com o tema do FITEI, até porque não é só sobre a mulher, pode também acabar por ser, por exemplo, sobre a rejeição do mundo capitalista”, destacou.

A dramaturga, encenadora e atriz em “Teoria das Três Idades”, espetáculo em que se estreou nas duas primeiras qualidades, reforçou a ideia de que “no teatro português, hoje em dia, as mulheres continuam ainda a não ter uma grande voz”.

“Se olharmos para o panorama português, quais são os nomes de mulheres encenadoras, ou apontadas para a direção de um teatro nacional? Pois. E atrizes com mais de 50 anos? E mulheres dramaturgas? São poucas. É muito difícil”, comentou.

A história da literatura dramática “continua a ser escrita pelo homem” e, em Portugal, as equipas continuam dominadas por textos no masculino, encenadores e equipas técnicas com maioria de homens, pelo que é preciso que “homens e mulheres do teatro continuem a percorrer o caminho”.

Sara Barros Leitão estreia hoje "Teoria das Três Idades", pelas 21:30, no Teatro Municipal Rivoli, no Porto, no dia do 65.º aniversário do TEP. A peça será reposta pelas 19:00 de terça-feira.

“Teoria das Três Idades” parte do arquivo da companhia portuense, para olhar a história do teatro português, e abordar um lado mais pessoal da sua história.

À margem do espetáculo, será hoje exibido, pelas 19:00, o documentário “Caos Danado”, realizado por Eduardo Breda, que acompanhou o processo de criação de “Teoria das Três Idades” antes de se relacionar, ele próprio, com o mesmo arquivo que foi fonte da peça.

Em dia de aniversário do TEP, o arquivo volta a ser protagonista, além do texto de Sara Barros Leitão, através de uma exposição, “O Arquivo do TEP. Poética e Política”, inaugurada hoje pelas 16:00 na Galeria da Escola Superior Artística do Porto, mostrando até sexta-feira os 65 anos da história da companhia e a forma como se relaciona com a cidade e o país.