O romance é “o caleidoscópio de um luto comovente, aterrador, impossível” escreve a editora sobre este livro, construído a partir da tristeza, da raiva e da reconfiguração do mundo que necessariamente acontece após uma perda indizível.
Apesar de nascer de uma tragédia pessoal, o romance não se limita a compor um inventário do sofrimento — o episódio da morte é ampliado a partir da manipulação consciente e sarcástica de temas como autoimagem, sexo, casamento, amizade, espiritualidade, memória e vida contemporânea.
“O mecanismo é cruel, mas entra em ação a partir do momento em que o narrador sai do enterro da filha de oito anos: a partir de agora, ele será para sempre 'O Pai da Menina Morta'”, descreve a Tinta-da-China.
“Eu ainda faço parte deste mundo? É justo jogar na cara desta gente a minha tragédia? O Pai Leproso. A maioria das pessoas não quer chegar perto. Isso pega? Qualquer gesto meu é superinterpretado num nível de paranóia e exegese”, escreve o autor no romance.
Mais à frente, Tiago Ferro especifica: “Quando eu estou apenas calado, estou deprimido. Quando eu converso alegremente, estou tentando apagar o passado. Se eu tenho uma ereção, é uma compensação típica do luto. Se eu como pouco, é bom ir ao médico. Se eu como muito, é bom ir ao médico. Se eu cortar os pulsos, ou entrar debaixo de um ónibus em movimento, ou pular do topo do Empire State Building, estava na cara que algo assim ia acontecer”.
Com chegada às livrarias prevista para dia 12 de outubro, o livro será apresentado no Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, no dia 5 de outubro, por Ricardo Araújo Pereira.
Tiago Ferro nasceu em São Paulo, em 1976, é editor e um dos fundadores da editora de e-books e-galáxia e da revista de ensaios Peixe-elétrico.
Colabora regularmente com textos sobre cultura nas revistas Piauí, Cult e Suplemento Pernambuco.
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