Na Argentina, sempre que foi tentado o neoliberalismo correu muito mal e não vejo porque é que desta vez seria diferente”, disse a escritora à agência Lusa, admitindo a “preocupação” de as próximas eleições presidenciais, marcadas para o dia 22 de outubro, possam resultar na vitória do candidato de extrema-direita.

“Desta vez o que há de diferente é que há um fracasso da política em geral, mas sobretudo da política progressista que não conseguiu resolver os problemas económicos e sociais das pessoas que estão em desespero”, acrescentou.

As últimas sondagens divulgadas sobre as intenções de voto dos argentinos, aprontam para uma vitória do candidato de extrema-direita Javier Milei (La Libertad Avanza,) seguido pelo ministro da Economia , Sergio Massa (Unión por la Patria,) e de Patricia Bullrich (Juntos pela Mudança, centro-direita).

Estas sondagens atribuem a Milei uma intenção de voto entre 25,2% e 35,6%, enquanto Massa alcançaria entre 26,2% e 32,7%, e Bullrich alcançaria entre 21,8% e 28,9% dos votos.

“O povo está no limite e as pessoas no limite votam em qualquer coisa que esperem que conserte as suas vidas”, afirmou, considerando tratar-se de “uma opção muito triste e muito perigosa para o sistema político”.

No entender da escritora “Miley é uma personagem muito disruptiva e num país que tem muitíssimas instituições, onde ele pretende desarmar os sindicatos dos trabalhadores, que têm muito poder, isso não é algo que se faça facilmente e pode gerar violência”

“É uma situação muito instável, muito critica e muito difícil de resolver”, rematou.

Mariana Enriquez falava à agência Lusa em Óbidos, à margem do Folio – Festival Literário Internacional, onde esta noite participou numa mesa de escritores.

Na edição que tem por tema o “Risco”, a escritora esteve à conversa com a autora brasileira Carla Madeira, sob o tema “Amor”.

O Folio decorre em Óbidos, até ao dia 22, com um programa que integra 14 mesas de autores, 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros, 40 espetáculos e concertos, 21 exposições e 18 sessões de leitura e poesia na vila.