No próximo sábado, o Teatro Nacional D. Maria II reabre portas com a estreia, na Sala Garrett, de “Antígona”, de Sófocles, com encenação de Mónica Garnel, um espetáculo com um elenco de mais de 10 atores, que estará em cena até ao dia 06 de outubro.
A partir de uma cidade que vai adoecendo, Mónica Garnel propõe um espetáculo que procura a vertigem à medida que o conflito sobe, questionando temas intemporais que o texto de Sófocles, escrito por volta de 442 a.C., levanta: justiça, direitos humanos e direitos do poder instituído.
Às questões levantadas pelo texto original, como, por exemplo, “O que é afinal a justiça?”, Mónica Garnel acresce outras.
“Interessa-me tratar este clássico na sua atualidade, por um lado, e na sua humanidade, por outro”, disse a encenadora. “Vejo aqui, nesta possibilidade de interrogar o caráter humano, a âncora e âmago deste espetáculo, suportado no trabalho dos atores, aos quais se coloca o desafio de retratarem e atualizaram estas personagens arquetípicas, explorando as suas contradições, dúvidas e ímpetos”.
No mesmo dia, estreia também “Coleção de Artistas”, de Raquel André, terceiro movimento da sua “Coleção de Pessoas”, que conta já com “Coleção de Amantes” e “Coleção de Colecionadores”, que apresentou no Teatro D. Maria II em novembro de 2017.
Na viagem que empreende em busca das suas pessoas, Raquel vai convocando diversos modos de colecionar pessoas, segredos, memórias e momentos partilhados com elas, que documenta em fotos, vídeo e texto e apresenta em palco.
Partindo da dúvida se é possível, através de um momento de criação de um artista, ter acesso ao artista e à sua história, neste espetáculo Raquel André ocupa-se de cada artista, das suas práticas e ferramentas de trabalho, bem como dos seus pensamentos e biografias.
Em “Coleção de Artistas”, Raquel Navega sobre real e ficção, fantasia e impossibilidade, o quotidiano e a vida artística, procurando colecionar o efémero e transformá-lo em algo concreto e possível, através de um meio artístico e poético.
Este é o 5.º ano consecutivo em que o Teatro D. Maria II começa a temporada com a iniciativa entrada livre, abrindo portas ao público para mais de 15 atividades e espetáculos de entrada gratuita.
Neste âmbito, apresentam-se ainda mais três espetáculos: “Pur Présent”, do encenador francês e atual diretor do Festival d’Avignon, Olivier Py, “História da Loucura na Época Clássica de Foucault”, um espetáculo dirigido pela artista espanhola Angélica Liddell, e “A Caminhada dos Elefantes”, um espetáculo para famílias da dupla Inês Barahona e Miguel Fragata.
“Pur Présent” junta três curtas tragédias sobre o mundo de hoje, evocando personagens poderosas e situações extremas, em que as personagens se desafiam mutuamente para responder à questão central deste ciclo: como viver com dignidade?
“História da Loucura na Época Clássica de Foucault” é um espetáculo que resulta do projeto École des Maîtres, que todos os anos junta jovens atores europeus com um criador marcante da atualidade.
Quanto ao espetáculo “A Caminhada dos Elefantes”, conta a história de uma manada de elefantes, que faz uma caminhada misteriosa a casa de um homem especial quando ele morre, para lhe prestar a última homenagem.
Todos estes espetáculo são acessíveis mediante levantamento de bilhetes na bilheteira do teatro, a partir das 12:00 do próprio dia, com exceção de “A Caminhada dos Elefantes”, que carece de reserva prévia.
Durante este fim de semana, será possível assistir ainda a três lançamentos de livros e a cinco leituras encenadas, bem como fazer uma visita guiada à exposição “José Marques: fotógrafo em cena”, conduzida por um dos seus curadores.
No sábado à noite, a cantora e compositora moçambicana Selma Uamusse sobe à varanda do Largo de São Domingos para um concerto.
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