De acordo com o museu português, trata-se da “maior exposição até hoje realizada em torno da obra deste autor fundamental”.
“A exposição apresenta mais de 450 peças – livros, figurinos, trajes de cena, adereços, desenhos e maquetes 3D de cenários, marionetas, pinturas, cartazes, mapas, fotografias, vídeos, instrumentos musicais e outros objetos – provenientes de diversas instituições culturais e companhias de teatro, de ambos os países, que nos levam numa viagem do século XVI até hoje, revisitando a história do espetáculo em Portugal nos últimos 150 anos”, pode ler-se no comunicado do museu nacional.
A exposição é bilingue, organizada pelo Museu Nacional do Teatro e da Dança com a colaboração do Museu Nacional do Teatro, de Almagro, em Espanha, e tem como comissários José Camões, da Universidade de Lisboa, e Javier Huerta Calvo, da Universidade Complutense de Madrid.
“Trata-se, indiscutivelmente, da figura mais importante da dramaturgia peninsular do seu tempo. Não obstante, não surge isolado, resultando como o mais brilhante autor de uma tradição que, com raízes medievais, ganhou impulso decisivo no início do século XVI, quando pontificaram outros dramaturgos como os espanhóis Juan del Encina e Torres Naharro”, acrescentou o museu.
Como se pode ler no comunicado da instituição, “esta exposição enquadra Gil Vicente numa atividade refundadora do teatro ocidental”.
“Na sua obra encontra-se já boa parte dos temas que constituem o Humanismo, base da Europa de hoje. Por isso, passados 500 anos, Gil Vicente ainda desperta o interesse coletivo, refletido na diversidade de artistas que têm trabalhado a sua obra – da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro ao Teatro Praga, do Teatro da Cornucópia às revistas à portuguesa de Eugénio Salvador – fazendo dele o dramaturgo mais representado em Portugal”, sublinhou o museu nacional.
A mostra vai ocupar os dois pisos do Museu Nacional do Teatro e da Dança e os jardins, com peças de outros museus nacionais e dos teatros nacionais São João e D. Maria II, a par da Companhia Nacional de Teatro Clássico, de Espanha.
Também companhias como o Teatro Experimental de Cascais, o Teatro da Cornucópia, Teatro da Rainha, Cendrev – Centro Dramático de Évora, Escola da Noite, A Barraca, A Comuna – Teatro de Pesquisa e o Teatro das Beiras, assim como Ana Zamora e a sua Compañia Nao d’Amores mais o encenador Juan Antonio Quintana vão estar representados na exposição.
Estima-se que Gil Vicente tenha nascido em Guimarães, em 1465, e morrido em 1531, sendo considerado o fundador do Teatro português, “autor de uma obra variada, que ele próprio divide em comédias, farsas e moralidades”, como se lê na biografia da Infopédia.
“A sua crítica é profundamente mordaz, apresentando clérigos sem vocação, escudeiros parasitas e ociosos, fidalgos corruptos e vaidosos, profissões liberais que assentam na exploração das camadas populares, alcoviteiras que atuam sem escrúpulos para defenderem os seus interesses, e até o povo humilde que, passivamente, se deixa explorar pelos cobradores e frades. Não criando personagens que correspondam a indivíduos específicos, o teatro vicentino cria antes personagens que caracteriza como tipos sociais e ‘que funcionam apenas como símbolo de uma classe ou de um grupo social ou profissional'”, acrescenta a biografia, que recorre ao trabalho de Jacinto do Prado Coelho sobre a história da literatura portuguesa.
A mostra vai ficar patente em Lisboa até 28 de abril do próximo ano.
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