“Passe-Partout” (Bárbara Tinoco), “Medo de Sentir” (Elisa), ”Gerbera Amarela do Sul” (Filipe Sambado) e “Movimento” (Throes + The Shine) recolheram a preferência do público e do júri e são as primeiras quatro canções finalistas da 54º. edição do Festival RTP da Canção.
A forma como os finalistas foram revelados, sem serem conhecidas as pontuações finais, é uma das novidades desta edição. Tal como na Eurovisão, as pontuações de todos os temas só serão conhecidas na grande final, a 7 de março.
Conduzida por Tânia Ribas de Oliveira, que até se arriscou na cantoria, e Jorge Gabriel, a gala decorreu sem grandes surpresas ou novidades — já era altura de mexer ali no cenário, RTP. O formato, extra música, à quarta edição pós 'nova vida' do Festival já pedia um novo dinamismo na condução da emissão — RTP, não querem agarrar o público apenas durante as atuações? Esta que podia ser a semifinal mais forte, pelo número de intérpretes já conhecidos do grande público, soube a pouco.
A noite abriu com os MEERA a prometer um copo de gin. Mira, Mêra, Méra, por favor alguém do festival uniformize a forma de pronunciar o nome da banda cuja vocalista parece a descendência perdida de Cláudia Pascoal e Isaura (dica roubada ao Twitter). Aliás, Isaura foi mesmo uma das autoras do tema e a compositora, que recentemente revelou que foi diagnosticada com cancro da mama, não deixou de ser lembrada nesta gala por Inês Lopes Gonçalves.
Seguiu-se Filipe Sambado, com "Gerbera Amarela do Sul”. Sim, não era o Conan. Nem a Maléfica. Um tema que é ele próprio uma provocação ao festival, numa atuação que também não deixou de o ser. “O Dia de Amanhã”, o terceiro tema apresentado, fez-nos recuar no tempo com um Ian Mucznik a fazer lembrar António Calvário.
Bárbara Tinoco, num registo La La Festival da Canção Land, trouxe consigo dois pares de bailarinos e o impensável: juntar numa letra os nomes de Georges Méliès, Marcel Duchamp ou Django Reinhardt. Depois dela, os Blasted Mechanism (sim, eles ainda existem; sim, eles aceitaram participar no festival) com o único tema que se rebelou contra a língua portuguesa, mas que percebeu a fórmula eurovisiva.
Elisa não teve medo de sentir a música que trouxe, resultando o tema muito melhor ao vivo que o original divulgado em janeiro pela RTP. Uma surpresa que fez lembrar nomes como Jessie Ware e que despertou a curiosidade daqueles que, como nós, não a conheciam. Onde andavas tu, Elisa?
"Agora", dos JJaZZ (designação com a qual Joana Morais e Zeca Pregal da Cunha se apresentam)... Pois, e agora? Ó Rui Pregal da Cunha, não nos mates o desejo.
A fechar os Throes + The Shine, num tema que só poderia ter sido interpretado por eles. "Movimento" trouxe ao Festival a diversidade musical pela qual este prima. Se quer tirar as suas dúvidas, pode ver ou rever todos os temas no 'site' da RTP ou na conta do Festival da Canção no YouTube.
A noite lembrou ainda um dos maiores nomes da música portuguesa que nos deixou em 2019: José Mário Branco. Ele que, numa edição altamente politizada, ao Festival levou, em 1975, "Alerta". Como nas últimas edições, perdeu-se a oportunidade de revisitar o seu cancioneiro na voz de outros músicos. Uma homenagem com tempo contado, que recordou o homem e a música sem aprofundar nem uma coisa nem outra.
Na segunda semifinal, que acontece no próximo sábado, 29 de fevereiro, competem outras oito canções: “Dói-me o País” (Luiz Caracol e Gus Liberdade), “Quero-te Abraçar” (Cláudio Frank), “Diz Só” (Kady), “Cegueira” (Dubio feat. +351), “Não Voltes Mais” (Elisa Rodrigues), “Cubismo Enviesado” (Judas), “Abensonhado” (Jimmy P) e “Mais Real Que O Amor” (Tomás Luzia). Deste grupo serão escolhidas mais quatro canções que disputarão a final.
Mas ainda falta uma semana e até lá fique a conhecer melhor os temas e os seus intérpretes neste guia que lhe preparámos.
A grande final, agendada para 7 de março, terá lugar no Coliseu Rondão Almeida, em Elvas. A cidade alentejana sucede a Guimarães e a Portimão, que acolheram a final do concurso em 2018 e 2019, respetivamente.
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