O festival conta com os agrupamentos JACK Quartet, David Oistrakh String Quartet e Artemis Quartett, no sábado, o Quatuor Arod e o Elias String Quartet, no domingo, mais o Chiaroscuro Quartet, na segunda-feira, num evento organizado em parceria com a Bienal de Quartetos de Cordas da Philharmonie de Paris.

“É a primeira vez que organizamos o festival, depois de termos programado muitos quartetos ao longo dos anos, em concertos ou inseridos em ciclos, como o de música de câmara, a integral de Schubert, ou a integral de Beethoven [pelo Cuarteto Casals], esta temporada”, justificou, em declarações à Lusa, o diretor do serviço de música da Gulbenkian, Risto Nieminem.

A ideia surgiu quando o diretor visitou a Bienal de Paris de 2016, para a qual foi convidado enquanto programador para ouvir atuações de jovens quartetos, tendo encontrado o Artemis Quartett e o David Oistrakh Quartet nessa altura.

“Outra ideia por detrás do festival foi convidar quartetos de origens diferentes, para ter estilo e orientação diferentes, e conjuntos ainda jovens, dando a possibilidade ao público de descobrir e ver um pouco do que está a aparecer no mundo dos quartetos, hoje em dia”, acrescentou Nieminem.

Os russos David Oistrakh String Quartet são os primeiros a atuar, pelas 15:00 de sábado, num grupo que inclui o violinista Andrey Baranov, vencedor do Concurso Internacional de Violino Queen Elizabeth em 2012.

No mesmo dia, pelas 18:00, os norte-americanos JACK Quartet estreiam “Quarteto para Cordas n.º1 — Espaço por Conquistar”, da portuguesa radicada em Nova Iorque Andreia Pinto Correia, uma estreia mundial, encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian.

Inspirada no poema “The Bridge”, do poeta nova-iorquino Hart Crane, a peça marca a estreia da compositora para quarteto de cordas, pelas mãos de um grupo que conhece e para quem queria escrever.

“Foi natural convidarmos o quarteto quando surgiu a ideia do festival. O JACK Quartet traz uma maneira diferente, muito jovem e energética, de abordar o que pode ser um quarteto de cordas hoje em dia”, explicou o diretor do serviço de música à agência Lusa.

Além da peça de Pinto Correia, o programa inclui “Tetras”, do grego Iannis Xenakis, uma encomenda da Gulbenkian de 1983, e uma “obra extraordinária” de Georg Friedrich Haas – este ano o compositor em residência na Casa da Música, no Porto -, de 45 minutos, com a sala “em obscuridade total, tanto para público como músicos”.

O dia de sábado termina com o Artemis Quartett, pelas 21:00, a interpretar duas obras de Mozart e o segundo Quarteto para Cordas de Béla Bartók.

No domingo, atuam pelas 15:00 os Quatuor Arod, grupo fundado na Bélgica em 2013, com destaque para a interpretação do primeiro Quarteto do compositor francês Benjamin Attahir, antes do coletivo multinacional Elias String Quartet composto por duas francesas, um sueco e um escocês, pelas 18:00.

O Chiaroscuro Quartet encerra o festival na segunda-feira, pelas 21:00, com obras de Bach, Mendelssohn e Beethoven, num coletivo no qual se destaca a violinista Alina Ibragimova.

O programa inclui ainda duas conferências, uma no sábado, pelas 17:00, e outra à mesma hora de domingo, dedicadas ao “objetivo de explorar os compositores, as obras, e os quartetos apresentados”, com a participação da compositora Andreia Pinto Correia, vários intérpretes dos quarto quartetos presentes e ainda da especialista Sonia Simmenauer, uma das principais agentes, na área da música clássica, a nível mundial.

Sobre as conferências, Nieminem explicou que “o interesse principal é poder falar um pouco do que é um quarteto de cordas, a história, o repertório e várias coisas específicas”, além do contacto de outros músicos com o género.

Considerando o quarteto um formato com “vitalidade”, a forma tradicional, com dois violinos, uma viola e um violoncelo, é “uma das mais antigas da música clássica, com muito potencial, com público e para a qual muitos compositores escrevem”.

O diretor do serviço de música confessou ter “muitas expectativas” para o festival, que espera poder repetir “de dois em dois anos”, ficando agora dependente da receção do público.