Fernando Oliveira, da direção do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), disse à agência Lusa que a programação musical da instituição quer promover a recuperação de “uma cultura da escuta, informada, diversificada, cosmopolita, diferenciada”, ao acolher este projeto.
Agradeceu o “esforço e sentido de risco que os dois produtores, programadores e também ativistas da causa” dos ‘blues’ assumiram, considerando “muito importante” a sua iniciativa para que eventos como o Coimbra em Blues “possam perdurar no tempo”
O Coimbra em Blues nasceu em 2003, no TAGV, foi realizado ao longo dos anos, embora com várias interrupções, também noutros espaços da cidade, e regressou à casa-mãe em 2018.
Adalberto Ribeiro, da produtora Trovas Soltas, do Porto, lembrou precisamente que a marca Coimbra em Blues nasceu “há muitos anos” no TAGV e chegou a ser uma “referência” nos festivais realizados na chamada cidade dos estudantes, tendo os produtores feito uma proposta à direção do teatro académico para revitalizar o evento, “o que foi imediatamente aceite”.
“A intenção é trazer diversas tendências do ‘blues’, saímos um bocado daquilo que as pessoas estão habituadas a ouvir e conhecer, que é o Chicago Blues, por forma a podermos ajudar também à formação de novos públicos aqui em Coimbra”, declarou.
O programa principal, agendado para 15 e 16 de novembro, apresenta, no primeiro dia, o novo projeto de Pedro Serra (conhecido no meio musical como Portuguese Pedro), músico, dj e locutor do único programa de rádio em Portugal dedicado à estética musical das décadas de 1940 e 50, com um percurso que vai do ‘country’ ao ‘rockabilly’ e dos sons de Hank Williams a Johny Cash, entre outros.
“O ‘rockabilly’ é um género que é uma derivação do ‘blues’, como será também o ‘rock’, o ‘hip hop, o ‘funk’, como é o ‘jazz’ e para nós faz sentido ter este género de ‘blues’ no festival”, afirmou Adalberto Ribeiro.
No mesmo dia, a segunda proposta chama-se Chino & The Big Bet, projeto de um guitarrista argentino sediado em Barcelona, Espanha, que apresenta um quarteto “com um ‘blues’ mais de raiz, do delta do Mississipi, com harmónica e piano”, explicou.
A 16 de novembro, o programa inclui o guitarrista Martin Harley, que começou por ser um “talento emergente do ‘blues’, mas rapidamente saltou para a ribalta pelas qualidades na ‘slide guitar'”, disse, por seu turno, Pedro Galhós, da produtora Luckyman, de Lisboa.
O também cantor e compositor “presença obrigatória e habitual” em espetáculos na Europa e Estados Unidos, apresentar-se-á no palco do auditório do TAGV como um “one man band” (a banda de um só homem), mais um género diferente do ‘blues’. “É um prazer tê-lo em Coimbra e queremos que o público tire as suas conclusões”, referiu.
A fechar o festival, os produtores anunciam aquela que é considerada a “filha do ‘blues'”, Shirley King, filha de B.B. King, que representa o tradicional Chicago Blues e tem nos seus concertos – acompanhados em Portugal pela banda bracarense Budda Power Blues – “momentos de especial interação com o público”, notou Adalberto Ribeiro.
“Ninguém se espante se ela descer do palco e se for sentar ao colo de alguém, porque isso acontece regularmente. E com essa ligação que tem ao público, também ninguém se admire se chamar ao palco pessoas para dançar”, revelou.
Para além do programa principal, o Coimbra em Blues irá também promover três concertos, todos gratuitos, agendados para o café-teatro do TAGV, a 01 e 22 de outubro e a 07 de novembro, que têm como objetivo “comunicar a marca do festival através da música e proporcionar que novos talentos musicais mostrem o seu virtuosismo, porque os novos cantores e novos guitarristas precisam de espaço para mostrar o seu trabalho”, argumentou Adalberto Ribeiro.
Assim, os espetáculos “powered by Coimbra em Blues” começam a 01 de outubro, Dia Mundial da Música, com os Dog’s Bollocks, duo originário de Torres Novas – que na sua página da rede social Facebook se dizem constituídos “por duas guitarras, metade de uma bateria e muito ‘blues’ e ‘rock & roll'” – com influências que vão de Jack White a The Legendary Tiger Man, “e tudo o que há no meio”, assinala a programação do TAGV.
A 22 de outubro, é a vez dos portuenses The Smokestackers, outro duo com guitarra e harmónica, este formado por João Belchior e Diogo Mão de Ferro, com um repertório “que abrange o tradicional e canções mais atuais, em formato acústico”.
O projeto de novos talentos fecha a 07 de novembro, na semana anterior ao festival, com Little Hands Trio, de Lisboa, com temas que vão do blues ao funk rock.
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