Intitulado “Minha Língua, Minha Pátria”, o evento organizado pelo Instituto Eva Herz, da Livraria Cultura, contará com a participação de nomes premiados como o moçambicano Mia Couto, o brasileiro Milton Hatoum e o português Bruno Vieira Amaral.
Simone Duarte, curadora do festival, contou à Lusa que na segunda edição o encontro procura criar um espaço voltado para troca de experiências e para a exposição dos trabalhos dos autores de língua portuguesa, com autores dos três continentes, aproximando-os dos leitores brasileiros.
“Não existia um festival voltado apenas para escritores de língua portuguesa aberto ao público em geral [no Brasil] e, por isto, tivemos a ideia de fazer Minha Língua, Minha Pátria. Queremos que os brasileiros tenham acesso a moderna produção literária produzida na nossa língua”, explicou a curadora.
Para Simone Duarte, apesar dos laços históricos que unem os países lusófonos muito da vasta produção literária ainda passa despercebida no Brasil.
Neste sentido, o encontro promovido pela Livraria Cultura será uma oportunidade de dar visibilidade e preencher estas lacunas.
A curadora contou também por que razão o evento terá Salvador como sede dos primeiros debates.
“Escolhemos Salvador para começar esta edição do Minha Língua, Minha Pátria já que foi na Bahia onde aconteceu o primeiro contacto da língua portuguesa no Brasil”, justificou.
“A partir de 2017 o festival deve ser anual [a primeira edição aconteceu em 2015]. No futuro queremos agregar mais escritores – principalmente da África – e que eles participem de atividades em mais cidades brasileiras”, acrescentou a curadora.
Um dos escritores portugueses que estarão em São Paulo é Bruno Vieira Amaral, multipremiado em 2015 com seu romance de estreia “As Primeiras Coisas”.
O autor disse estar satisfeito por estar no Brasil pela primeira vez para falar sobre seu trabalho, tendo em conta que onde começará a ser editado pela Companhia das Letras em 2018.
Sobre o facto de o encontro reunir apenas escritores de língua portuguesa, Bruno Vieira Amaral destacou a importância de fortalecer os laços de intercâmbio cultural.
“Os laços entre os países de língua portuguesa ainda são muito fracos, são muito ténues. A circulação e o conhecimento dos autores nestes espaços continua sendo muito pobre. Estas iniciativas e debates podem contribuir para mudar um pouco isto. Não se compreende esse afastamento tão grande”, disse.
Bruno Vieira Amaral também lembrou que o festival é um espaço de contacto com outros autores, o que também o enriquece na medida em que “usando a mesma língua autores de outros países trazem por vezes uma forma de olhar diferente. Talvez seja essa a maior riqueza deste tipo de encontro”.
Também participarão nos debates Isabela Figueiredo, Afonso Cruz, Samuel Titan, Joana Gorjão Henriques, Patrícia Portela, Ana Margarida de Carvalho, Paulo Werneck, José Bernardes, Isabel Lucas e os gémeos Fábio Moon e Gabriel Bá e Adriana Calcanhoto.
Organizado em duas cidades, o evento é gratuito e acontece entre sexta-feira e domingo em Salvador e entre os dias 23 e 26 de novembro em São Paulo.
O público interessado também poderá acompanhar os debates ao vivo em tempo real na página do Instituto Eva Herz na rede social Facebook.
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