As exposições dos dois artistas – que abrem ao público na quinta-feira – foram hoje apresentadas aos jornalistas pelos curadores e pelos criadores no Edifício Central do museu, que acolhe o património industrial ligado à eletricidade.
O norte-americano Gary Hill apresenta um corpo de trabalho inédito, especialmente concebido para a Sala das Caldeiras, onde colocou imagens eletrónicas, linguagem e sons, elementos centrais do seu trabalho de há mais de 40 anos.
Intitulada “Derramamento Linguístico na Sala das Caldeiras”, a mostra de Hill ocupa os vários níveis do espaço, com as novas obras no primeiro, e uma seleção de sete obras icónicas em vídeo, dos anos 1970 e 1980, no piso inferior.
Pioneiro da exploração do potencial artístico das novas tecnologias, nestas obras, Gary Hill retoma a investigação que iniciou no final dos anos 1970, com a peça “Electronic Linguistics”, que deu origem a uma série de criações que têm como ponto de partida a relação entre som, linguagem e imagem eletrónica.
“A linguagem é algo primordial no ser humano. Esta capacidade de fazer sons, o funcionamento do próprio cérebro, com a parte química e as sinapses. É uma metáfora para o meu trabalho”, disse o artista durante a visita guiada, sublinhando o peso da comunicação na sua obra.
A exposição tem curadoria de Inês Grosso e Luísa Especial, que salientaram o caráter precursor de Gary Hill no uso de tecnologia analógica e digital na arte, e a associação destas à performance, que estará presente em vários momentos ao longo da exposição.
“Vida e trabalho: Não antes mas de novo” é o título da exposição da artista portuguesa Susana Mendes da Silva, que apresenta um seleção de obras criadas nos últimos vinte anos, na área da performance.
A mostra foca-se no registo e documentação das performances que realizou desde os anos 1990, explicando, através de uma instalação, como podem ser pensadas, mostradas e restituídas ao público enquanto objetos, leituras ou som.
Inclui um livro-objeto criado pela artista com textos que refletem sobre o seu corpo de trabalho e uma conversa transcrita com a curadora – Antónia Gaeta – que relata o caminho, as ideias e a produção da exposição.
O livro-objeto possibilita também a ativação de diferentes momentos ao longo da exposição, que a artista apelidou de “páginas”, nos quais são apresentados novos trabalhos, instalações performativas e conversas.
O trabalho de Susana Mendes Silva integra uma componente de investigação e de prática arquivística que se traduz em obras com fortes referências históricas e políticas.
Questionada pela agência Lusa sobre como foi o processo de selecionar as obras de performance do passado, Susana Mendes Silva indicou que o trabalho assentou sobretudo “nos vestígios que ficam”, seja em sons, escritos ou imagens.
“Sempre me interessaram muito as codificações e as linguagens alternativas, um território onde a arte se mexe muito”, comentou.
Esta exposição ficará patente na Sala do Cinzeiro 8, até 17 de setembro, data em que também encerra a mostra de Gary Hill.
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