“Claro que houve clientes preocupados a telefonarem para saber se havia problemas para fazer ‘glamping’, mas isso não afetou as reservas”, afiançou à Lusa Maria do Carmo, sócia gerente do Carmo’s Boutique, empreendimento que inaugurou este verão, no Alto Minho, duas tendas de ‘glamping’ rodeadas por jardins e vinhas de casta loureiro e que, desde a abertura, tem estado com lotação esgotada.

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As tendas suite ‘deluxe’ do Carmo’s Boutique, suspensas por pequenos pilares em terras de Gemieira, no concelho de Ponte de Lima, fazem parte da cadeia de ‘small luxury hotels’ e estão a ter uma receção “ótima”, com turistas portugueses, mas também oriundos da Bélgica, Holanda, França ou Estados Unidos, a quererem desligar do ‘stress’ e recarregar baterias em camas de ferro minhotas com dossel ou tomar banho com vistas sobre a Serra D’ Arga.

“É um sonho, tem toda a comodidade e há quase uma África junto ao rio Lima”, comenta Maria do Carmo.

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Um pouco mais para o interior minhoto, o ‘glamping’ do Lima Escape, no lugar de Entre Ambos-os-Rios (Ponte da Barca), e inserido no Parque Nacional de Peneda-Gerês, a taxa de ocupação está quase nos 100% tanto nas tendas “Tipi”, de estilo oriental, como nas “Glamour Bell”, com cinco metros de diâmetro.

A Casa da floresta e os ‘bungalows’, antigos contentores marítimos revestidos a madeira, e suspensos no meio de carvalhais à beira do rio Lima, estão também com lotação até ao final de agosto, conta Anna Altshul, sócia-gerente do empreendimento, acrescentando que o denominador comum nos seus hóspedes é a busca pelo “contacto direto com a natureza, mas sem perder os hábitos mais sofisticadas e o conforto que uma habitação oferece”.

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Os incêndios registados em 2016 nos distritos de Viana do Castelo, Aveiro, Viseu, Braga e Vila Real, e o de junho deste ano em Pedrógão Grande, que matou 64 pessoas, assustaram alguns clientes do Lima Escape com reservas, designadamente ingleses e holandeses, explicou Anna Altshul. Contudo a anulação de reservas foi residual, sublinhou.

“Estavam com medo dos incêndios. O de Pedrógão Grande saiu em todos os canais de televisão e jornais”, recordou Anna Altshul.

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O ‘glamping’ da Quinta de Figo Verde nasceu de um amor entre um belga e uma portuguesa há cinco anos em Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, e a procura turística tem vindo a crescer, com clientes repetentes e reservas pela plataforma na Internet Airnb, conta Ana Soromenho, sócia gerente de Figo Verde.

Os clientes do Figo Verde são, por norma, informados e as notícias dos incêndios trouxeram “preocupações” e “vários telefonemas para perceber se havia perigo na estadia”, mas, segundo Ana Soromenho, não houve cancelamentos.

Figo Verde alia o ‘glamping’ à permacultura (criação de ambientes humanos sustentáveis), para minimizar a pegada ecológica e, por isso, as casas de banho são com compostagem, as águas são tratadas para rega e há painéis solares.

Tomar banho de água quente debaixo das estrelas, comer uma piza em forno a lenha ou ir apanhar amoras para o pequeno-almoço são experiências que os hóspedes daquele ‘glamping’ podem ter para ajudar a “desligar da loucura da cidade”.

“As pessoas vêm para aqui mesmo para fazer um ‘break’ (intervalo) e podem vir tomar banho no rio, fazer uma massagem ou uma aula de ioga”, refere Ana Soromenho, acrescentando que todos os clientes anseiam por um “refúgio na natureza”.

Também no Nomad Planet, em Fiães do Rio (Montalegre, Vila Real), há ‘glamping’ com vistas panorâmicas para o Parque Nacional da Peneda-Gerês a partir de ‘yurts’, tendas da Mongólia tradicionais, ou da casa da árvore ‘Toca do Lobo’, nome em honra do lobo ibérico, espécie em vias de extinção.

A taxa de ocupação do ‘glamping’ do Nomad Planet, criado há cerca de três anos, está quase sempre a 100% nos meses de verão, conta o responsável Vítor Afonso, referindo que regista um aumento de interesse de ano para ano, tanto no mercado nacional, como no mercado internacional, principalmente alemão, holandês, francês e espanhol.

Turismo do Porto e Norte de Portugal diz que 'glamping' é "estratégico" para região

O presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal, Melchior Moreira, considerou hoje que o ‘glamping’ é um "produto estratégico” na região e que está a afirmar-se de forma “consistente” no setor do turismo de natureza.

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"É um conceito inovador que o nosso território está a saber absorver e, mais do que isso, está a adaptar às mais-valias do destino”, declarou Melchior Moreira, numa entrevista à Lusa a propósito de as taxas de ocupação do ‘glamping’ estarem, neste verão, próximas dos 100%.

Apesar de a oferta de alojamento para o ‘glamping’ ser ainda “incipiente”, segundo uma análise do presidente da TPNP, aquele fenómeno turístico está a revelar-se um “atrativo” para quem procura o Norte do País para o turismo de natureza.

“Este produto estratégico tem vindo a crescer de forma consistente de ano para ano e os nossos parceiros públicos e privados estão a ajustar-se e a reinventar-se para que a diversidade de experiências e de contacto com a região seja o mais personalizada possível”, acrescentou, referindo que cada vez mais há apetência para a oferta de segmentos de luxo.

Segundo dados do TPNP relacionados com o turismo de natureza registou-se este ano e no acumulado de janeiro a julho, “uma subida de 8%” em relação ao mesmo período de 2016.

O Turismo de Natureza representa 37% dos turistas no Norte e é o “4.º fator de motivação na visita território” do Norte de Portugal. O turista de natureza fica em média quatro a cinco dias e vem sobretudo do norte da Europa e França, acrescenta a entidade do TPNP.