Este artigo tem detalhes do terceiro episódio da última temporada da Guerra dos Tronos – os chamados “spoilers” –, pelo que se ainda não o viram, não continuem a ler. Ou continuem, se a vossa “cena” for ler bitaites sobre a série em vez de a ver. Aqui não julgamos ninguém.


Este era, provavelmente, o episódio mais aguardado de sempre, da série mais popular de sempre. Durante oito temporadas foi para aqui que caminhámos, para o confronto entre mortos e vivos, entre humanidade e desumanidade, se quiserem. Sendo práticos, entre o Bem e o Mal, ou pelo menos versões dos mesmos.

Ora, numa batalha pelo futuro da humanidade, todos os fãs temeram pelas suas personagens favoritas. Velas foram acesas Internet fora, inclusivamente. A noite afigurava-se perigosa e a tensão esteve lá. Toda a noite.

É impossível não pensar que, ao longo dos mais de 80 minutos de episódio, todos nós não tenhamos temido pela morte das nossas personagens. É impossível que não nos tenhamos sentido tensos quando vimos os Dothraki serem praticamente extintos no início do episódio, numa cena que teve tanto de belo (a luz proveniente das suas espadas em chamas a desaparecer à medida que investiam contra os White Walkers é uma das mais incríveis sequências do episódio) como de aterrador. É impossível que não nos tenhamos afundado no sofá em desespero quando Arya, escondida numa biblioteca, tenta escapar-se aos mortos, numa espécie de “recriação” da famosa cena da cozinha do Jurassic Park (não me digam que fui o único que pensei nisso...!?). É impossível que não tenhamos estremecido quando o Rei da Noite, com aquele movimento ascendente dos braços, fez levantar todos os mortos na batalha, somando-os ao “seu” lado.

A tensão esteve lá, sim, praticamente ao longo de todo o episódio. Ainda que, como escreveu o The Ringer, a Guerra dos Tronos tenha perdido a sua crueldade. De facto, desde que Jon Snow foi trazido de volta para o mundo dos vivos que a série perdeu alguma da sua imprevisibilidade, pelo menos no que ao ser implacável com personagens diz respeito. É claro que Snow era e é uma personagem importante. Mas também o eram Ned e Robb Stark, bem como Joffrey ou Tywin Lannister, e não foi por isso que deixaram de ser surpreendentemente mortos ao longo destas oito temporadas. Essa imprevisibilidade quase mórbida, parte da razão que tornou a Guerra dos Tronos a série mais popular de sempre, já não existe.

É certo que as mortes de Beric, Edd, Lyanna (que antes disso, e não obstante provavelmente dividir com Tyrion o “trono” de personagem mais baixa da série, teve a capacidade de despachar um gigante), Theon e Jorah são marcantes, mas as suas personagens não tinham a importância das referidas no início deste texto, por exemplo. Algumas das velas acima referidas foram acesas por eles, claro. Mas temia-se muito mais pela vida de Jamie, Brienne, Arya, Tyrion ou mesmo de Jon Snow ou Daenerys. Podemos argumentar que a sua sobrevivência é precisamente aquilo que não estávamos à espera. Certo. Mas ainda assim é difícil não pensar que uma morte “dessas” teria provavelmente chocado fãs em todo o mundo, implodido a Internet e, quem sabe?, lançado novos dados para uma narrativa que agora se foca em Cersei e no futuro ocupante do Trono de Ferro.

Ora, tudo isto só foi possível porque Arya Stark, num movimento que já fora antes treinado e que foi beber inspiração a Marco Paulo e a Michael Jordan, eliminou o Rei da Noite e, com ele, todos os White Walkers (sim, recuso-me a fazer a tradução para Caminhantes Brancos, pelo menos até alguém me obrigar) que o seguiam.

Foi ela a heroína, ainda que Melisandre, que apareceu sabe-se lá de onde, tenha tido um papel fundamental no desenrolar do episódio, aparecendo em momentos-chave, quer para incendiar espadas e trincheiras, quer para dar a Arya a conversa motivacional que a levou a “desaparecer” da ação durante largos minutos (algo que, pelo menos para mim, tornou mais previsível o desfecho da trama) até ao momento em que salva o seu irmão-que-afinal-agora-é-o-Corvo-de-Três-Olhos Bran e, no fundo, toda a humanidade.

Quanto a Melisandre, fez jus ao prometido a Sir Davos no início do episódio, morrendo (suicidando-se, no fundo, retirando o colar que lhe concedia o aspeto jovial e a imortalidade) ainda antes do sol nascer.

A “Noite Longa”, que deu o título ao episódio, chegava ao fim. E com o final da Batalha de Winterfell iniciar-se-á agora outra batalha: pelo trono que governará os sete reinos. Os mortos deixaram de ser um problema. Agora é com os vivos que temos de ter cuidado.

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