A polémica começou na semana passada, quando surgiu uma edição traduzida em neerlandês da nova obra 'Endgame' (ou 'Eindstrijd', na versão holandesa), do polémico autor Omid Scobie, um jornalista especializado em realeza, autor de obras particularmente favoráveis à narrativa dos acontecimentos mais polémicos da família de Harry e Meghan.

Nesta edição, que começou a ser vendida nos Países Baixos na passada terça-feira, eram nomeados os autores do comentário preconceituoso feito sobre a pele de Archie, filho mais velho do casal, inicialmente revelado a Oprah Winfrey, na polémica entrevista realizada em 2020.

O livro acabaria depois por ser retirado pela editora dos Países Baixos, Xander, devido a um "erro na tradução".

O autor dos comentários começou por ser apontado como sendo Carlos III, de acordo com a imprensa holandesa. Porém, na quinta-feira passada, o jornalista Piers Morgan avançou em primeira mão no seu programa na televisão britânica TalkTV que na realidade os nomes presentes no livro eram, além de Carlos III, a Princesa de Gales, Catherine.

Sempre sem reação por parte da família, que até ao momento se recusou a comentar a presença destes nomes no livro, alegadamente referidos, de acordo com o autor, em cartas privadas de Meghan a Carlos III, os duques podem agora sofrer consequências mais profundas sobre estes nomes terem vindo a público sem provas.

Harry e Meghan são detentores do título nobiliárquico britânico Duques de Sussex, oferecido por Isabel II na altura do seu casamento em 2018. Depois das revelações, um deputado conservador quer agora levar ao parlamento britânico a aprovação de uma lei para que os antigos membros seniores da família real percam o direito a este título.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, trata-se do deputado Bob Seely, que considera esta uma "opção nuclear” no contexto das alegações não provadas de racismo contra a família real.

Citado pelo jornal, o deputado alega que os comentários feitos na entrevista a Oprah Winfrey foram “venenosamente insidiosos" e, por isso, enquanto membro da Comissão dos Negócios Estrangeiros da Câmara dos Comuns, pretende adaptar as leis originalmente aprovadas na Primeira Guerra Mundial para retirar a nobres alemães inimigos os seus títulos britânicos.

Num artigo de opinião publicado no jornal britânico Mail on Sunday, o deputado escreveu que: “Nas próximas semanas, apresentarei um projeto de lei no Parlamento para retirar ao duque e à duquesa de Sussex os seus títulos reais".

“Não sou republicano e apoio a monarquia, mas depois da última parcela da rivalidade do casal com o resto da família real, acredito que o Parlamento e o Conselho Privado deveriam considerar uma opção nuclear”, referiu.

Seely solicita assim que o seu Projeto de Emenda sobre Privação de Títulos de 1917 seja listado no Documento de Ordem dos Comuns já esta semana. A medida ressuscitaria os poderes do tempo da Primeira Guerra, eliminando as referências a “inimigos” ou à “guerra atual”, segundo o The Telegraph.

No seu artigo de opinião, acrescenta: “O meu objetivo é simples: se alguém não quer ser da realeza, essa é uma decisão que respeitamos – mas não deve manter os títulos e privilégios se destruir uma instituição que desempenha um papel importante na vida da nossa nação".

Segundo o deputado, “fontes próximas aos Sussex enfatizaram que Harry e Meghan não estão por trás das afirmações feitas no livro de Omid Scobie. Mas suspeito que poucas pessoas acreditam nestas afirmações de negação".

“De todas as alegações de Scobie, o uso da raça para difamar a família real é a mais venenosa e insidiosa, com garantia de deixar um cheiro de estigma e impossível de provar quando falsa. É o insulto genérico da era moderna”, diz ainda.

Seely afirma ainda que as alegações contrariam o trabalho “extraordinário” da falecida rainha Isabel II e do rei Carlos III, e os ataques “não comprovados e incendiários” à família real são “indefensáveis”.

Por fim, admite ainda que sente "pena genuína de Harry e das suas escolhas de vida", mas "o casal e os seus apoiantes têm um historial de ataques à família real com alegações incendiárias e não comprovadas, que depois parecem negar ou recusar-se a apoiar, o que é indefensável”, afirma o deputado.

A polémica com o comentário feito alegadamente pelo rei Carlos III e Catherine acontece na mesma altura em, que esta terça-feira, o Ministério do Interior do Reino Unido foi informado pela advogada de Harry que este "foi, injustificadamente, tratado de forma menos favorável do que outros" em relação às suas medidas de segurança quando está no Reino Unido, depois do príncipe entrar com uma ação legal contra o ministério devido a uma decisão sobre a retirada da sua segurança no país, feita em fevereiro de 2020.

A decisão foi tomada pelo Comité Executivo de Proteção à Realeza e Figuras Públicas (RAVEC) do Reino Unido, segundo avança a Sky News.

Este caso será julgado nos próximos três dias.