A curiosidade, a publicidade e a dimensão que o pequeno festival atingiu após a polémica com o Rock in Rio Lisboa, devido ao nome, surpreenderam Fernanda Oliveira, que cede parte do terreno, onde, pelas 20:30, estão centenas de pessoas a ouvir um Dj, esperando a organização que o pico da lotação seja atingido a partir das 21:00. O festival, esse, vai decorrer “até a GNR chegar”.
A agora reformada, que mora ao lado do recinto, explicou à agência Lusa que os terrenos, banhados por um dos lados pelo pequeno rio Febras, já foram usados no cultivo de batatas e de legumes, mostrando-se orgulhosa com o festival, o qual foi abraçado por toda a comunidade local como um desígnio comum.
Ao longo da tarde, os parques de estacionamento foram ficando cheios à medida que os festivaleiros iam chegando. Em grupos, em famílias, com jovens e crianças.
Da parte de fora do recinto, num dos lados da rua vende-se ‘merchandising’, no outro está a Casa do Povo de Briteiros, quartel-general da organização, e onde a comunicação social tem direito a uma sala com todas as condições para trabalhar.
À entrada do Parque Fluvial de Briteiros, um ‘outdoor’ com o mapa da Europa e uma roda a vermelho a sinalizar a pacata freguesia de Briteiros, no qual se pode ler: “Festival de Rock que acontece perto do Rio Febras” e “O Festival com eles no sítio”.
A entrada no recinto é feita após a troca dos passes gratuitos ‘online’ por uma pulseira e de uma revista efetuada por elementos de uma empresa de segurança privada. No espaço é visível a presença de militares da GNR, uma ambulância e bombeiros com equipamentos de primeiro socorro.
Além de poderem desfrutar das várias bandas e Dj locais, que vão atuando ao logo da tarde e da noite, os festivaleiros podem comer e beber nos vários pontos de venda existentes no recinto, carregar o telemóvel, mas há também quem aproveite a oportunidade para dar um mergulho na pequena praia fluvial (no exterior do recinto) ou até cortar o cabelo.
“Hoje já cortei cinco [cabelos], mas há sempre pessoal a passar e a pedir para reservar uma vaga”, conta à Lusa Pedro Cunha, que tem uma barbearia na vizinha vila das Taipas, e que decidiu colocar um ‘spot’ no festival também para divulgação.
Voltando aos comes e bebes, uma “febra no pão”, bifana ou bifana de legumes custa 3,5 euros, o pão com chouriço 3 euros e o caldo verde 2 euros. O fino pequeno custa 1,5 euro, o grande 3 euros, sumos custam 1,5 euros e por uma garrafa de água paga-se 1 euro.
Todo o trabalho realizado neste festival que “respira rock, solidariedade e alegria” é realizado por cerca de 80 voluntáriosm e as receitas revertem para causas sociais relacionadas com a Casa do Povo local.
Numa das mesas e bancos em pedra que existem junto ao rio Febras está o casal José Teixeira e Maria Luísa, de 71 e 67 anos, acompanhados do neto Guilherme, de 13 anos, que reside na Figueira da Foz, mas que está de férias com os avós na localidade vizinha de São João de Ponte.
Contam-nos que foi a “curiosidade” despertada pela polémica com o Rock in Rio Lisboa que os fez ir ao festival, considerando que “até foi bom” que isso acontecesse, pois de outra forma não teria atingido a dimensão que atingiu.
“Também foi um pouco de arrogância daquele pessoal do Rock in Rio Lisboa”, atirou José Teixeira.
O casal acredita que, a partir deste ano, o Rock in Rio Febras nunca mais será o mesmo, pois passará a ter a atenção e o interesse de outras bandas, lembrando que a organização teve de recusar bandas que se ofereceram para tocar este ano.
Quanto ao futuro nome do festival, que ainda não está fechado, o neto Guilherme sugere à organização o “Roquim Rio Febras”.
Sentadas na erva, estão Raquel Almeida, Vera Andrade e Rita Silva, de 46, 42 e 44 anos, todas de Guimarães. As três amigas também são da opinião de que o Rock in Rio Febras, a partir da edição deste ano, passará a ter outra atenção e a despertar mais interesse. No ano passado, durante a primeira edição, estiveram presentes cerca de 1.500 pessoas.
Quanto à organização, consideram que está tudo muito bem organizado, sublinhando outro aspeto que lhes chamou a atenção: as diferentes faixas etárias presentes no festival. Desde pessoas mais velhas até crianças.
Raquel, Vera e Rita dizem que vão ficar a “curtir” o festival Rock in Rio Febras “até a GNR chegar”.
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