A Bertrand lança “A Hermafrodita e a inquisição portuguesa”, de François Soyer, um relato biográfico da vida da freira portuguesa Maria Duran, que viveu no século XVIII e foi acusada de bruxaria e conduta homossexual, a partir da investigação de um processo inquisitorial.

O investigador, doutorado em História e professor associado da Universidade da Nova Inglaterra, na Austrália, já anteriormente se debruçou sobre episódios da História portuguesa, nomeadamente no livro “A perseguição aos judeus e muçulmanos de Portugal”.

Nesta nova obra de não-ficção, o autor conta a história da vida de Maria Duran, com base nos arquivos do julgamento, trazendo “novas perspetivas sobre aspetos da vida muito raramente registados em documentos do início da era moderna”, tais como a transgressão das normas de género, sexualidade transgressora e a violência sexual em instituições religiosas femininas, para além dos medos e debates sobre o poder que o Diabo poderia exercer sobre o corpo humano, descreve a editora.

A Bertrand publica também um romance original de 2017, “A Caixa dos Botões de Gwendy”, escrito a quatro mãos pelos escritores norte-americanos Stephen King & Richard Chizmar.

A Dom Quixote publica no dia 06 de março aquele que é tido como um dos grandes acontecimentos literários: o lançamento mundial de “Vemo-nos em agosto”, romance inédito e póstumo de Gabriel Garcia Marquez (1927-2014).

A história centra-se numa mulher casada, com dois filhos e uma vida estável, que todos os anos viaja na mesma altura até à ilha onde a mãe está sepultada, para visitar o seu túmulo, e todos os anos arranja um novo amante, num romance que “é um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino”, segundo a editora.

Outra novidade da Dom Quixote é a publicação de “Mandíbula”, romance da escritora equatoriana Mónica Ojeda, uma das vozes contemporâneas mais aclamadas da América Latina, ainda não editada em Portugal.

Ainda na mesma chancela, sairá o livro “Escovar a gata e outras histórias”, primeiro livro da psicoterapeuta Jane Campbell, escrito aos 80 anos, que explora a vida erótica, emocional e intelectual de 13 mulheres de idade.

A mesma editora lança ainda “Escolhidos”, primeiro livro de poesia de José Carlos Barros, vencedor do Prémio Leya 2021.

Uma biografia da escritora Maria Teresa Horta é outro dos destaques literários deste mês, que apresenta uma narrativa em registo de “conversa íntima” com uma “mulher, poetisa, mãe, ativista política e uma das vozes mais influentes e inquebrantáveis de Portugal”, indica a Contraponto, que edita a obra.

Escrito por Patrícia Reis, “A Desobediente – Biografia de Maria Teresa Horta” é o sexto volume da coleção “Biografias de Grandes Figuras da Cultura Portuguesa Contemporânea” e o primeiro a envolver diretamente, por meio de entrevistas, a própria personalidade biografada.

Em março, a Alfaguara vai publicar “A família Caserta”, mais um livro da escritora argentina Aurora Venturini, que se consagrou aos 85 anos com o romance “As primas” (publicado em Portugal no ano passado), e “O contrário de nada”, estreia literária de Tess Gunty, vencedor do National Book Award, que faz uma “radiografia cáustica” da vida contemporânea e expõe a natureza humana e a fragilidade dos laços sociais.

A Cavalo de Ferro vai editar “Advento”, de Gunnar Gunnarsson, autor islandês que morreu em 1975 e que nunca foi publicado em Portugal, que narra a história verídica de um pastor que arrisca a sua vida todos os anos para reunir as ovelhas perdidas nas altas pastagens.

Na mesma chancela, sai “A Gravidade das Circunstâncias”, de Marianne Fritz, romance que a editora descreve como “perturbador”, ambientado nos primeiros anos da Reconstrução, a seguir à Segunda Guerra Mundial, e que conta a história de uma jovem mulher profundamente traumatizada, que se esforça por se resignar à vida doméstica e à maternidade.

A novidade da Objetiva para março é “As memórias gráficas de Ai Weiwei”: um regresso do autor à infância e à Revolução Cultural, através de uma banda desenhada, que usa o zodíaco chinês como pano de fundo para uma reflexão sobre arte, cultura, política e sociedade.

As novidades da Relógio d’Água incluem os novos livros da irlandesa Claire Keegan, “A uma hora tão tardia”, da britânica Deborah Levy, “Azul de Agosto”, e da norte-americana Lydia Davis, “Os nossos desconhecidos”, todos lançados no ano passado.

De Marlon James, será publicado “Feiticeira da Lua, Rei Aranha”, segundo volume da trilogia de fantasia “Dark Star”, iniciada com “Leopardo negro, lobo vermelho”, e de Alexandre Andrade, o livro “Democracia”.

Entre as novidades da Quetzal, contam-se um livro póstumo de Susan Sontag, editado pelo filho e publicado em 2023, intitulado “Sobre as mulheres”, e “Less perdeu-se”, de Andrew Sean Greer, sequela de “Less”, vencedor do Prémio Pulitzer 2018.

A Porto Editora apresenta um livro de Carlos Vale Ferraz, que aqui assina como Carlos de Matos Gomes, “Geração D”, que narra a aventura da sua geração, enquanto a Assírio & Alvim publica “Nocturama”, sexto livro de poesia de Luis Quintais, e “Sombra”, de Maria Andresen.

Ainda na Assírio, será reeditado “Cravo”, de Maria Velho da Costa, original de 1976, que reúne um conjunto de 22 textos (entre a crónica, a poesia, o manifesto ou o ensaio) ligados pelo impacto do 25 de Abril de 1974, a propósito da celebração dos 50 anos da revolução.

No mesmo registo, nas edições 70 vai sair “Breve História do 25 de Abril” de Yves Leonard, e “Mário Soares e o 25 de Abril – o essencial” de David Castaño.

As novidades da Presença têm em destaque “Notas sobre uma execução”, de Danya Kukafka, um “falso ‘thriller’” premiado, que parte da morte anunciada de um homem para se tornar uma história sobre mulheres e o que as liga.

A Guerra e Paz centra também parte das suas publicações nos 50 anos da revolução, com a publicação de “25 de Abril, no princípio era o verbo”, organizado por Manuel Fonseca e ilustrado por Nuno Saraiva, que reúne frases de propaganda revolucionária do pós-25 de Abril, e “Antes do 25 de Abril era proibido”, de António Costa Santos.

Quanto à Antígona, uma das suas grandes apostas é a publicação do romance de estreia da escritora espanhola Layla Martinez, “Caruncho”, um livro que aborda os espetros e as questões de classe, a violência e a solidão.

A editora vai lançar também uma coletânea de poemas de Lawrence Ferlinghetti, intitulada “Uma Coney Island da mente”, e uma novela social sobre a realidade das mulheres antes da guerra civil espanhola, intitulada “Tea rooms. Mulheres operárias”, da autoria de Luísa Carnés.