Para dar corpo a esse projeto, João Ribas, de 38 anos, escolheu Leonor Antunes, 44 anos, cuja obra tem sido exibida nos últimos anos nos Estados Unidos, Suíça, França, Espanha, Reino Unido e também Portugal, em Serralves.

Com a carreira iniciada nos Estados Unidos, João Ribas ocupou o cargo de diretor do Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, no Porto, em fevereiro, após uma seleção por concurso internacional, depois de quatro anos como diretor-adjunto da instituição.

João Ribas nasceu em Braga e viveu, desde a infância, quase sempre nos Estados Unidos, onde encetou a carreira de curadoria na galeria PS 1, afiliada do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), com a historiadora Carolyn Christov-Bakargiev.

Trabalhou depois em instituições como The Drawing Center, em Nova Iorque, onde foi curador, assim como no MIT List Arts Center, de onde partiu para ser adjunto da anterior diretora do Museu de Serralves, Susanne Cotter, por convite desta, em janeiro de 2014.

Nos Estados Unidos, Ribas recebeu, durante quatro anos seguidos, de 2008 a 2010, os prémios de melhor exposição da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) e o prémio Emily Hall Tremaine (2010).

Foi professor na Universidade de Yale, na School of Visual Arts de Nova Iorque e na Rhode Island School of Design.

Entre os projetos desenvolvidos este ano por João Ribas, em Serralves, estão a primeira exposição a solo do escultor britânico Anish Kapoor em Portugal, “Obras, Pensamentos, Experiências”, a instalação "Lessons 1-CLXXX", sobre a negritude, da artista norte-americana Martine Syms, e a mostra organizada a partir do acervo da fundação, “Zero em Comportamento”, num elogio à irreverência.

Nos Estados Unidos, destacaram-se exposições como “In the Holocene”, dedicada à arte e à ciência, e retrospetivas de artistas como Chris Marker, Joachim Koester, Akram Zaatari, Frances Stark, Ree Morton e Matt Mullican.

Em setembro deste ano, anunciou a demissão do cargo acusando a instituição de "violação continuada” da sua “autonomia técnica e artística”, no caso polémico da exposição de obras do artista Robert Mapplethorp, acusações que a administração depois refutou.

Ribas demitiu-se depois da inauguração de “Robert Mapplethorpe: Pictures”, que comissariou, e que foi reduzida de 179 para 159 obras, fruto de “interferências e restrições” da administração, de acordo com o curador.

Por seu turno, a presidente do conselho de administração da Fundação Serralves, Ana Pinho, assegurou que foi o diretor demissionário quem retirou 20 obras da exposição Mapplethorpe.

Leonor Antunes, artista que integra o projeto de João Ribas, foi vencedora do Prémio EDP Novos Artistas em 2001, e realizou, nos últimos anos, exposições individuais no Museu Pérez Art, em Miami, na Kunsthalle Basel, em Basileira, no Museu de Arte Moderna de Paris, no Reina Sofía, de Madrid, e no Museu de Serralves, no Porto.

Em 2017, foi um dos 120 artistas convidados pela 57.ª Bienal de Arte de Veneza para participar na exposição central "Viva Arte Viva".

Leonor Antunes apresentou, há três anos, a sua primeira exposição individual em Nova Iorque, no New Museum, com o título "I Stand Like A Mirror Before You", criando uma coleção de esculturas específicas para o local.

Nessa exposição, a artista criou uma série de trabalhos suspensos, que descem ao nível do chão, inspirados pelos trabalhos de tecelagem de Anni Albers e Lenore Tawney, refletindo-se mutuamente usando a parede de vidro que se encontra na entrada do museu.

Madeiras, bambu, pele, corda, fios e bronze são alguns dos materiais usados habitualmente por Leonor Antunes para criar esculturas que refletem o ambiente que as rodeiam, e, ao mesmo tempo, faz referências a figuras menos conhecidas da história da arquitetura e design do século XX, como a sueca Greta Grossman ou a norte-americana Maya Deren.

O trabalho da portuguesa fez também parte de várias exposições coletivas, incluindo as bienais de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, de Berlim e de Singapura, e esteve exposto em diversos museus internacionais.

Este ano, uma escultura lhe que foi encomendada foi inserida numa exposição na Hayward Gallery, em Londres, a par de artistas como Anish Kapoor e Richard Wilson.

A peça - inspirada na obra da artista têxtil Anna Albers - foi encomendada e feita expressamente para esta exposição, intitulada "Space Shifters'.

A obra de Leonor Antunes inspira-se frequentemente em mulheres artistas, e também designers e arquitetas.