A obra, editada pela Assírio & Alvim, venceu a edição do Prémio Literário Fundação Inês de Castro 2020, “cuja atribuição havia sido adiada devido à pandemia”, afirmou a instituição, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.
“Singularizado pelo núcleo de onze poemas cósmicos e sua longa litania de abertura, depois acolitados por outros poemas de motivos científicos, entre o espanto e o alarme de “Tanta conexão / E tanta solidão” (“O Cérebro”), o livro não abdica da pluralidade temática, com altos momentos poéticos em “Mulheres e árvores” ou em “A Última Ceia” e seu extraordinário Ecce Homo de piedade reversa perante a humanidade de um Cristo carregando a sua e nossa ‘cruz quotidiana'”, afirmou o presidente do júri do prémio, José Carlos Seabra Pereira.
O médico obstetra, natural de Cervães, Vila Verde (Braga), “é autor de uma vasta obra poética e, para além da sua singular criação lírica, tem-se destacado no campo da literatura infanto-juvenil e como tradutor e/ou organizador em várias antologias”, tendo conquistado com a mesma obra o prémio para “Melhor Livro de Poesia”, nos Prémios Autores 2021, atribuídos pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), salientou a Fundação Inês de Castro.
O júri, composto por José Carlos Seabra Pereira, Mário Cláudio, Isabel Pires de Lima, Pedro Mexia e António Carlos Cortez, escolheu também atribuir o Prémio Tributo de Consagração à obra de João de Melo.
O escritor açoriano tem trinta livros publicados, entre ensaios, poesia, romance e conto, contando com “obras traduzidas em Espanha, França, Itália, Holanda, Roménia, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos, México, Colômbia e Croácia”.
O romance “Gente Feliz com Lágrimas”, que foi adaptado para televisão pela RTP, recebeu cinco “importantes prémios literários” – Grande Prémio de Romance e Novela da APE, Prémio Fernando Namora, Eça de Queiroz, Livro do Ano Antena Um e o Prémio Internacional Cristóvão Colombo.
“Em 2016, João de Melo recebeu o Prémio Vergílio Ferreira, consagrando a sua carreira literária. Em 2020 voltou a sobressair com um romance, “Livro de Vozes e Sombras”, em que reexplora a sua mestria de composição, linguagem e estilo, reativando o duplo movimento de recoleção do sentido histórico”, salientou a Fundação Inês de Castro.
A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar a 09 de abril, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra.
Ao longo da sua existência, o Prémio Literário Fundação Inês de Castro já distinguiu autores como José Tolentino Mendonça, Hélia Correia, Mário de Carvalho ou Djaimilia Pereira de Almeida, entre outros.
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