“Este projeto surge porque há muita noção de que o contacto entre público e espetáculos é muito superficial e está a tornar o teatro numa coisa muito sem importância na vida das pessoas, como se fosse um mero passatempo, coisa contra a qual lutei toda a vida. Eu e pessoas da minha geração, sempre sonhámos com um teatro que estivesse implantado no centro da cidade, a falar do presente, com coisas que dissessem respeito a vida dos espetadores”, sustentou Luís Miguel Cintra.

A peça “As Árvores (dos Desgostos)” estreia-se no Teatro Viriato às 21:30 de quinta e sexta-feira, propondo uma comédia com cerca de uma hora e vinte minutos, com “cenas muitas divertidas, que tocam nos pontos essenciais da civilização ocidental”.

Em declarações à Lusa, o encenador explicou que este espetáculo teatral vem “corrigir a linha de alguns modos de produção que atualmente são propostos às pessoas, levando até ao fundo da questão”.

“Queremos tocar no próprio público de forma mais partilhada e não de forma superficial”, acrescentou.

De acordo com Luís Miguel Cintra, a estreia prevista para a cidade de Viseu é a terceira parte de um projeto que dividiu em quatro partes.

“Esta terceira parte é a que mais se parece com um espetáculo acabado, com cenografia e guarda-roupa feito de quase nada, mas com grande vista porque são tratados com muito cuidado”, referiu.

O primeiro ato do projeto “Um D. João Português”, “Na estrada da vida”, teve lugar no Montijo, o segundo — “O mar (e de rosas)” – em Setúbal, enquanto a Viseu chegam o terceiro e o quarto ato. O quinto e último ato terá lugar em Guimarães.

“Peguei numa peça importantíssima da história da dramaturgia mundial, o ‘D. João’ de Molière e parti-a em quatro partes. Resolvi, com um conjunto de atores e em colaboração com a companhia de teatro Mascarenhas Martins decidi, propor a quatro cidades a colaboração para a estreia em cada uma dessas cidades de uma parte que seria aí preparada, em contacto com as pessoas que lá vivem para perceberem como trabalho com os atores e como se constrói um espetáculo”, revelou.

Cada parte “vale por si própria”, mas depois de feitas e apresentadas as quatro partes, o espetáculo regressará, em 2018, completo a cada uma dessas cidades.

“Será um espetáculo em dois dias, pois deverá durar umas cinco horas”, concluiu.