![Maria João Lopo de Carvalho cria história para série](/assets/img/blank.png)
“Os Cinco” é uma das mais conhecidas e bem-sucedidas séries literárias para crianças e jovens da autora britânica Enid Blyton, está publicada e traduzida em vários países e deu origem a outras histórias, com as mesmas personagens, escritas por diferentes autores noutros países, como Sarah Bosse (Alemanha) e Claude Voilier (França).
Esta série literária de aventuras, escrita por Blyton entre 1942 e 1963, tem agora continuidade em Portugal pela mão da autora Maria João Lopo de Carvalho, pela Oficina do Livro (grupo Leya), a editora que detém os direitos e publicou os 21 volumes da coleção.
Em declarações à agência Lusa, Maria João Lopo de Carvalho explicou que foi feito um acordo entre o grupo Leya e o grupo britânico Hachette para ter uma autorização e dar continuidade a “Os Cinco”, mediante algumas condicionantes, para manter a intemporalidade do tipo de narrativa e das personagens.
“A casa oficial que detém os direitos da Enid Blyton mandou-me uma ‘guideline’ de certos temas que não podemos abordar, não podemos falar de questões de racismo, sexuais, questões religiosas, ‘bullying’. Não podemos focar-nos nesses assuntos. Não me custa nada fazer um livro tal e qual como a Enid Blyton fazia sem tocar em temas que são mais sensíveis e com os quais concordo absolutamente”, explicou Maria João Lopo de Carvalho.
Em “Os Cinco e o quadro desaparecido”, as famosas personagens criadas por Blyton – os adolescentes Júlio, David, Ana, Zé e o cão Tim – vão tentar resolver o mistério do desaparecimento de uma pintura de William Turner, durante as férias de Natal.
“O que me interessa é criar a mesma atmosfera de aventura. […] O que interessa, o fio condutor, é fazer com que os miúdos gostem de ler e criem o gosto pela leitura. Como é que isso se faz? Criando uma história emocionante, com as mesmas cinco personagens intemporais naquele mesmo cenário que a nós tanto nos motivava, e fazer com que os miúdos se prendam à leitura”, sublinhou a autora portuguesa.
Maria João Lopo de Carvalho tem 61 anos, foi professora de Português e Inglês, criou uma escola de língua inglesa, trabalhou em publicidade e na Câmara Municipal de Lisboa e tem mais de 70 livros publicados, entre obras para adultos e para os mais novos.
Além de “Os Cinco e o quadro desaparecido”, a autora ficará responsável por novas histórias na mesma coleção, embora não tenha indicado a cadência e regularidade de publicação.
Segundo a Oficina do Livro, que publica “Os Cinco” desde 2011, a coleção já vendeu mais de 380.000 exemplares em Portugal.
Há ainda uma coleção intitulada “Os mini Cinco”, com histórias ilustradas para crianças, e adaptações em banda desenhada, somando mais de 200.000 exemplares, segundo contas partilhadas com a Lusa.
“’Os Cinco’ foi um marco importantíssimo, falo por mim e pelas pessoas da minha geração, que nos iniciou à leitura, seguindo depois para obras muito mais complexas. ‘Os Cinco’ foi um marco inquestionável e incontornável. […] Pôr-me na pele da Enid Blyton, que era o meu ídolo na altura, é estranho, é uma enorme responsabilidade, é como se ela estivesse a espreitar por cima do ombro a ver se estou a fazer bem”, disse Maria João Lopo de Carvalho.
Enid Blyton nasceu em Londres em 1897 e morreu em 1968, deixando cerca de 700 livros, resultado de uma prolífica produção literária – consta que chegava a escrever diariamente cerca de 10.000 palavras.
“Os Cinco”, “Os Sete”, “Noddy”, a coleção “O Mistério”, “O colégio das quatro torres” e “As Gémeas” – que teve continuidade em Portugal com a escritora Sara Rodi – são outras obras publicadas por Enid Blyton.
Esta extensa produção não afastou Enid Blyton das críticas de sexismo, racismo e outros simplismos e que levaram, por exemplo, a britânica BBC a não emitir a sua obra, por a considerar "de segunda" e "sem valor literário".
O que a escritora portuguesa não concorda “é que se mudem os livros antigos da Enid Blyton porque fere sensibilidades”: “Não concordo, está escrito, está feito, foi numa determinada altura e é uma obra de um autor”.
Questionada pela Lusa, fonte da Oficina do Livro referiu que "Os Cinco e o quadro desaparecido" "poderá vir a ser traduzido e publicado noutros países", à semelhança do que aconteceu, por exemplo, com "Mais aventuras no Colégio de Santa Clara", da coleção "As Gémeas", escrito por Sara Rodi.
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