Bastaram dois minutos para que Marcos, ao olhar para o seu roupeiro, escolhesse três peças — uma camisa e duas camisolas — que já não veste, mas que estão em bom estado e podem ser usadas por outra pessoa.
Depois, colocou-as num saco e trouxe-as para o mercado Swap, iniciativa que, a seu ver, “vale a pena”, segundo contou à agência Lusa enquanto procurava artigos para a troca.
“Há tantas coisas que temos lá em casa e que às vezes não usamos”, realçou.
Frequentador assíduo deste tipo de mercados, especialmente os que têm peças ‘vintage’, Marcos explicou que o que atrai é a “experiência de encontrar uma coisa (…) que não se encontra todos os dias”.
“Se formos a uma loja, se calhar vamos uma peça que toda a gente tem. Acho que faz mais sentido encontrar uma peça que existia há dez anos, dar-lhe uma nova vida e sermos os únicos a usar”, reforçou.
Acompanhada por uma amiga, a jovem Catarina confessou que também sempre gostou do conceito da troca de roupa.
Após uma primeira volta ao espaço, Catarina já tinha escolhido umas calças e um casaco.
“Já vi outras calças, mas são todas enormes”, notou.
Para Carla, esta também foi uma tarde de domingo passada com amigas no mercado.
“Achámos interessante sair juntas e viemos aqui, um bocadinho nesta perspetiva de reaproveitar a roupa, mas dos outros”, afirmou.
Carla trouxe dois vestidos, uma túnica e uma saia e, apesar de ainda não ter encontrado nada do seu agrado quando falou com a Lusa, não se mostrou preocupada com isso.
“Se não levar nada também não faz mal, (…) aproveita-se e vaga-se um bocadinho o armário e está-se um bocadinho com os amigos”, sublinhou.
Hoje, no âmbito da ModaLisboa, decorre o segundo dia do projeto internacional de troca e sustentabilidade na Moda Global Fashion Exchange (GFX), lançado em 2013 na Dinamarca.
O GFX inclui várias iniciativas abertas ao público, uma das quais o mercado Swap.
Para terem acesso à iniciativa, os participantes apenas tinham de levar uma peça do seu próprio guarda-roupa, recebendo em troca um cartão com o número de peças a que pode ter acesso.
Em declarações à Lusa, a responsável do projeto GFX em Portugal, Graziela Sousa, explicou que o objetivo é “que as pessoas pensem no que consomem e que consumam de outra maneira”, percebendo “que o ciclo de vida das peças delas pode ser prolongado no roupeiro de outras pessoas”.
Pelas 18:00, uma hora depois do início, já tinham sido deixadas cerca de 850 peças, equivalente a quase 400 quilos de roupa, adesão que, segundo a representante, superou as expectativas.
“Tínhamos medo que não percebessem assim tão bem o conceito”, admitiu.
No final do mercado, os artigos que não forem trocados serão entregues à empresa alemã I:CO, parceira da iniciativa, que os vai reciclar e transformar em novos produtos, têxteis e materiais de construção.
“Fechamos o ciclo completamente, nada vai para o lixo”, adiantou Graziela Sousa.
A 48.ª edição da ModaLisboa decorre sob o tema “Boundless” [Ilimitado, em português].
Comentários