Os nomes dos vencedores dos três prémios da final do concurso Sangue Novo foram hoje anunciados depois do desfile das coleções para o próximo outono/inverno dos cinco finalistas, que decorreu nas antigas Oficinas Gerais e Fardamento e Equipamento (OGFE), onde decorre a 54.ª edição da ModaLisboa.

Para Inês Manuel Baptista, vencer o prémio principal do Sangue Novo, atribuído pela em parceria com a escola italiana Polimoda e que consiste num mestrado em Design de Moda ou em Design de Coleção mais 3.500 euros, foi uma surpresa.

“Confesso que não estava à espera de ganhar. Quando me candidatei na primeira fase foi com o meu projeto de final de mestrado, não esperava passar na primeira fase e muito menos ser a vencedora”, referiu, em declarações à Lusa.

Formada em História de Arte, estudante de ballet e professora de dança “durante muitos anos”, há dois anos decidiu mudar.

“Decidi dedicar-me à moda, porque encontrei na moda uma forma de me continuar a exprimir criativamente”, explicou Inês Manuel Baptista, que está a terminar o mestrado em Design de Moda, na Faculdade de Arquitetura de Lisboa.

A coleção que lhe valeu o prémio teve “como ponto de partida o surrealismo, nomeadamente a obra de Man Ray”, um artista que aprecia “bastante”.

“Decidi pegar na fotografia, nomeadamente na solarização, que é um processo de revelação fotográfico, e tentei transpor para a coleção aquilo que absorvi das imagens que escolhi”, descreveu, acrescentando que “o desafio foi tentar materializar toda aquela imagética que ele tinha nas obras dele”.

Antes do desfile dos finalistas do Sangue Novo ouviu-se uma voz dar as boas-vindas ao desfile onde seria anunciado “o futuro”.

O futuro de Inês Manuel Baptista passa por “maturar, enquanto designer”. “Absorver tudo aquilo que tiver para aprender e depois logo se vê o que vem a seguir”, afirmou, salientando que se encontra “numa fase muito exploratória”, por estar na área “há muito pouco tempo”.

“Tenho de perceber o que quero fazer e em que é que sou realmente forte”, referiu.

Também para Francisco Pereira, que venceu o prémio que a ModaLisboa atribui em parceria com a Tintex Textiles e que consiste numa residência de três semanas naquela empresa mais dois mil euros, o próximo passo passa por “experimentar”, para perceber o que gosta e quer “realmente fazer”.

“Estou a acabar o mestrado [em Design de Vestuário e Têxtil no Instituto Politécnico de Castelo Branco] e neste percurso quero estar ainda um bocado na fase de experimentação, temos que ir vendo e dando um passo de cada vez”, afirmou, em declarações à Lusa.

Francisco Pereira apresentou hoje uma coleção “um pouco inspirada num artista [Emon Toufanian] que faz ‘colage’ de forma digital”.

“Quis trazer esse método de ‘colage’, de cor e de contraste que ele faz, aplicado a roupa. O meu raciocínio foi sempre tentar construir peças que fossem buscar diferentes referências, diferentes tipos de peças, misturá-las todas num e que cada peça valesse por si só e que tivesse alguns elementos que remetessem ao processo da ‘colage’, colados uns sobre os outros”, descreveu.

Francisco acabou por ser selecionado para a final “muito inesperadamente” e “correu bem”. Esta segunda fase do concurso foi “um novo desafio, nova experiência, outro ritmo”, e “acabou por correr bem também”.

O prémio The Feeting Room, que garante a venda da coleção nas lojas The Feeting Room, em Lisboa e no Porto, foi atribuído a Cêla de Naomi Marcela.

Para a jovem designer de moda esta será a segunda vez que terá uma coleção à venda naquelas lojas, já que foi também ela que venceu este prémio na 53.ª edição da ModaLisboa, em outubro do ano passado.

Desta vez, Naomi Marcela apresentou uma coleção que teve por base os corais, que começa com azuis, cinzentos e destaques de laranja, que se transformam em amarelo brilhante e branco seda.

A designer de moda explicou que esta escolha de cores representa a passagem do tempo na vida de um coral, em que a morte, ao contrário da nossa cultura, é representada por tons claros.

Na final de hoje do Sangue Novo competiram, além de Inês Manuel Baptista, Francisco Pereira e Cêla, Filipe Cerejo e Flávia Brito (Brasil). Na 53.ª edição tinham sido apurados seis finalistas do concurso Sangue Novo. O sexto apurado para a final, Louis Appelmans (Bélgica), segundo a ModaLisboa, “entretanto iniciou um estágio na Kenzo, em Paris, e não conseguiu desenvolver uma nova coleção para a final”.

Cada um dos jovens que hoje apresentou coleção na final do Sangue Novo recebeu mil euros para a preparar.

Hoje, na 54.ª edição da ModaLisboa são ainda apresentadas coleções para o próximo outono/inverno de Carolina Machado, Duarte, Valentim Quaresma e Carlos Gil.