“Nós estamos a ultimar os trabalhos que são necessários para abrir no próximo fim de semana. Já temos a estrutura do passadiço completamente montada, estamos a trabalhar em travessias das linhas de água e colocar painéis informativos”, contou à agência Lusa o presidente da câmara, Gonçalo Rocha.
O autarca disse acreditar que o impacto mediático que este projeto já está a conquistar fará com que muitos turistas que sobem o rio de barco em direção ao Alto Douro Vinhateiro queiram parar em Castelo de Paiva, recordando que o maior operador nos passeios fluviais é parceiro do projeto.
“É um produto genuíno, diferente de outros que existem na nossa região, que se vai traduzir num grande sucesso para Castelo de Paiva”, previu.
Gonçalo Rocha falava no local, junto ao rio, sobre a plataforma de madeira ao longo da margem esquerda do Douro que dá início ao percurso pedonal com cerca de dez quilómetros.
Não se cansando de, “com orgulho”, apontar para o espelho de água onde passavam as embarcações turísticas de vários tamanhos que trilham o Douro nesta altura do ano, comentou: “Vai ser fantástica a oportunidade que estamos a conceder, com a paisagem deste rio, que é única, a beleza natural, a riqueza da fauna e da flora”.
A obra está “um pouco atrasada” face à programação inicial, reconheceu, pelo que, nos próximos dias, só abrirão os primeiros três quilómetros, ligando a praia fluvial do Choupal, na localidade de Pedorido, para onde está previsto um parque de estacionamento, à unidade hoteleira de quatro estrelas que existe a montante, em Oliveira do Arda, também na zona ribeirinha.
O primeiro lanço, prometeu, “já dará uma perspetiva da riqueza que este percurso tem”.
Os visitantes podem esperar uma paisagem dominada pelo Douro que desce em direção ao Porto, não muito longe da barragem de Crestuma.
As caminhadas das primeiras centenas de metros serão sobre um passadiço em madeira, ainda com cheiro a novo, que contorna as formas do rio, por entre a vegetação da margem esquerda, com muros em xisto, e na qual também não faltam as sombras proporcionadas por alguns sobreiros propositadamente mantidos no percurso, como que à espera das fotografias da paisagem.
Do outro lado do rio, observa-se a serra da Boneca e, no sopé, o denso casario de Rio Mau e Sebolido, aldeias ribeirinhas do vizinho concelho de Penafiel.
A totalidade do percurso pedonal, na sua extensão de dez quilómetros, terminando em Santa Maria de Sardoura, deverá abrir nos próximos meses, previu o chefe do executivo. Nele os visitantes poderão desfrutar de três miradouros panorâmicos, também em madeira, projetados sobre o espelho e água.
O arquiteto-paisagista da empresa que está a construir o passadiço, Jóni Vieira, explicou à Lusa, no local, que os miradouros são inspirados na história e tradições do rio Douro, “projetados em forma de barco rabelo”.
“Suspensos no percurso, os miradouros vão dar a sensação ao visitante que está a navegar no rio”, afirmou o técnico, sublinhando que aquelas estruturas em madeira vão enriquecer o percurso, com vistas para a serra da Boneca, para os maciços rochosos de Midões e para a margem direita do rio Douro.
Ouvindo a conversa, o presidente Gonçalo Rocha acrescentou à Lusa esperar que o primeiro dos três miradouros esteja pronto nas próximas semanas.
No percurso, deverá ainda sobrar tempo para conhecer as aldeias tradicionais de Midões e Gondarém, com as suas casas em xisto, características do território, uma oportunidade para contactar com os costumes e tradições das povoações ribeirinhas de outrora.
Castelo de Paiva é um concelho do extremo norte do distrito de Aveiro, mas com fronteira, a poente, com Gondomar e, por isso, a poucos quilómetros da cidade do Porto.
Para Gonçalo Rocha, a importância deste projeto, complementado com outros previstos para o concelho, poderá significar, “de uma vez por todas”, a afirmação de Castelo de Paiva como ponto de elevado interesse turístico no contexto da região norte.
“Vai ser um projeto decisivo para alavancar, de uma vez por todas, o nosso território sob ponto de vista turístico e valorização das nossas marcas e tradições”, indicou.
Além do percurso junto ao Douro, outros estão a ser preparados, nomeadamente um que percorre as montanhas do concelho, com projeto quase concluído, e outro pelos trilhos das vinhas e do vinho verde, uma das marcas identitárias de Castelo de Paiva, que é sede de uma sub-região dos vinho verdes.
O trilho do rio Paiva e o percurso da minas e dos fósseis são outros projetos que estão a ser trabalhados de forma articulada para o concelho.
“Temos aqui um chapéu que consegue abraçar todos estes desígnios que são importantes e decisivos para afirmação de Castelo de Paiva”, concluiu o presidente.
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