As águas azuis cristalinas do Mar Egeu e uma ilha grega são agora o cenário idílico de um novo e misterioso homicídio do universo das facas e mistério nascido em "Knives Out - Todos São Suspeitos". Daniel Craig regressa ao papel que interpretou em 2019 e, segundo o próprio realizador e argumentista, esta sequela é todo um evento maior do que o primeiro filme. Em vários aspetos: escala, tom, dimensão, expetativa.

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Rian Johnson ("Looper - Reflexo Assassino" e "Star Wars: Episódio VIII - Os Últimos Jedi") alega que é mais "Dr. Strangelove" (filme de Stanley Kubrick, em que um general da Força Aérea norte-americana dá ordem para se proceder a um ataque nuclear contra a União Soviética) do que o original e que a comédia desta cebola tem um sabor diferente. "É mais uma sátira. E a sua essência, devido à sua estrutura, é um pouco mais de uma farsa misteriosa do que Knives Out", explicou ao site Tudum.

Mas e o que é "Knives Out - Todos São Suspeitos"? É o clássico mistério policial. No entanto, neste caso, é uma homenagem declarada à escritora Agatha Christie (e ao seu Hercule Poirot) e ao suspense de Alfred Hitchcock (o mestre em criar tensão no ecrã sem nunca revelar grande coisa). É que nesta história temos todos os alicerces mais puristas de Christie presentes — muitos suspeitos, a velha casa vitoriana ornamentada, a grande cena de revelação onde o nosso brilhante detetive junta e explica todas as pontas soltas.

No que difere "Knives Out" dos restantes puzzles de detetives do género? No facto de não se limitar a ser um mero agraciamento de influências. O guião é inteligente e acarreta um lado humorístico muito próprio que concede uma frescura ao filme sem esquecer ou deixar de levar a sério o que interessa: o seu mistério. Depois, outro ponto forte é a sensação de que o olho não apanha tudo à primeira. Tanto que há quem aconselhe o duplo visionamento: uma vez para jogar o jogo, conhecer os envolvidos; outra para apanhar as mentiras e dar conta das pistas que vão sendo partilhadas.

O filme, com um elenco de luxo (Daniel Craig, Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Don Johnson, Toni Collette, LaKeith Stanfield, Katherine Langford, Jaeden Martell e Christopher Plummer), além de ter sido bem recebido pela crítica e público, foi uma das surpresas mais bem sucedidas na bilheteira daquele ano: custou 40 milhões de dólares e arrecadou mais de 300 milhões no box office. E a nível de prémios também não se deu mal (nos Óscares de 2020 recebeu uma nomeação para Melhor Argumento Original).

Ou seja, todo este sucesso levou a que a Netflix não só batesse a concorrência (Amazon e Apple) num leilão secreto e pagasse uns alegados + 400 milhões de dólares pelos seus direitos, mas que pedisse também a Rian Johnson para transformar este filme numa saga de três (o que não deixa de ser irónico porque quando saiu foi amplamente elogiado por ser "original" e não um apêndice de uma franquia — e agora está a transformar-se precisamente numa).

É por isso que nesta sequela há uma espécie de rebatismo para "Glass Onion", recusando o simplismo de "Knives Out 2". Primeiro por uma questão de linguística para alimentar o enigma, segundo para avisar ao que se vai. Porque a homenagem a Christie vai continuar, e tal como a escritora passou as suas personagens por diferentes contextos (thrillers de espionagem, horror, caçadas de serial-killers), Johnson está entusiasmado em dar várias perspetivas (filmes) ao seu detetive, que vai dar por si novamente no meio de segredos, motivações ocultas e mentiras.

Assim, este novo capítulo-filme, embora mantenha a fórmula (do elenco do primeiro só Craig regressa, mas mantém-se a norma de juntar várias estrelas: Dave Bautista, Edward Norton, Ethan Hawke e Kate Hudson são apenas algumas delas), vai colocar Blanc em plena extravagante escapadela numa ilha grega privada que pertence a um ricalhaço ligado à tecnologia — que construiu uma luxuosa cúpula de vidro do tamanho do seu ego e onde deu uma festa de arromba à Great Gatsby do séc. XXI em que alguém apareceu morto em circunstâncias duvidosas e aparentemente inexplicáveis. E escusado será dizer que todos são suspeitos.

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