Em Little Kilton, uma pitoresca localidade inglesa, o passado está envolto numa grande e aparentemente inescapável sombra. Passaram cinco anos desde o homicídio de Andie Bell, uma adolescente popular, assassinada em circunstâncias misteriosas. A cidade rapidamente encontrou o seu vilão em Sal Singh, o namorado de Andie, que confessou o crime e depois cometeu suicídio. Para a maioria que vive em Little Kilton, este caso é um capítulo trágico na história da cidade — que todos dão por encerrado e do qual querem seguir em frente. Mas, para Pippa Fitz-Amobi, de 17 anos, a verdade em que todos aparentemente acreditam não corresponde aos factos.
Interpretada por Emma Myers (a colega de quarto de Wednesday Addams em “Wednesday”, que tem recebidos extensos elogios pelo desempenho), Pip, como é conhecida, está determinada a fazer duas coisas: desvendar o mistério que continua a assombrar Little Kilton e provar que Sal Singh não era o monstro que toda a gente acredita que ele foi.
“O mundo inteiro pensa que Sal Singh é culpado, mas ele nunca teve um julgamento e nem sequer encontraram o corpo de Andie”, diz Pip à sua amiga Cara Ward (Asha Banks) logo nos primeiros instantes da série. Esta pequena observação, embora polémica, torna-se a pedra angular da investigação de Pip (o que começa como um projeto de final de ano acaba por se tornar algo muito maior). Afinal, se Sal não matou Andie, então quem a matou? Até porque como observa a protagonista, se o verdadeiro assassino anda à solta, teve cinco anos para apagar o rasto.
Baseada no primeiro livro da popular trilogia de Holly Jackson, a série estreou no mês passado na BBC (que produziu a série para a Netflix), e é o mais recente thriller de mistério estilo Nancy Drew a tentar entrar no território explorado por “Pretty Little Liars” ou “13 Reasons Why”. Na semana de 29 de julho a 4 de agosto, segundo dados oficiais, foi a série em língua inglesa mais vista da plataforma. Em Portugal, no mesmo período, apenas a oitava temporada de “Elite” superou a adaptação britânica de Poppy Cogan em termos de visualizações.
De acordo com a Variety, “O Homicídio Perfeito” desenvolve bem a parte do mistério, especialmente nos primeiros cinco episódios, que exploram eficazmente o tumulto da adolescência, as complexidades das amizades e a natureza enganadora do jogo das aparências. Salientando os aspetos positivos, a revista sublinha que os argumentistas constroem habilmente a tensão e a intriga, culminando num penúltimo episódio que descreve como uma “reviravolta chocante”. No entanto, a revista aponta que a narrativa é ocasionalmente prejudicada pela quantidade de coincidências convenientes — leia-se pistas substanciais — que caem no colo de Pip, fazendo com que as suas capacidades de investigação pareçam menos apuradas e as suas decisões muitas vezes imprudentes.
Se vai agradar aos fãs dos livros? Segundo a Collider, embora a série se mantenha fiel ao material original, há pormenores cruciais do romance que ficaram de fora e outros que foram adicionados mas que não acrescentam grande coisa à história. Ainda assim, a série consegue manter o “suspense vivo” e prender o interesse do espectador durante a investigação de Pip, uma detetive amadora imperfeita, mas determinada, cuja jornada para resolver o mistério do desaparecimento de Andie serve tanto para desvendar o caso como para descobrir as suas próprias verdades.
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