Ernesto Ricou, artista plástico e professor de História de Arte reformado, fundou o Museu da Imigração, um espaço de 30 metros quadrados num pequeno pátio da Avenida de Tivoli, dedicado à história do exílio.
Foi em 2005 que o Museu da Imigração, considerado o mais pequeno da Suíça, abriu as suas portas em Lausana para “salvaguardar as memórias dos imigrantes” e “combater os estigmas ligados à migração”, afirmou à Lusa o fundador.
“Todos nós devemos ser porta-vozes e embaixadores da nossa própria cultura no sítio em que nos encontramos”, declarou Ernesto Ricou, apontando para a importância da valorização da identidade portuguesa.
O Museu da Imigração reúne uma panóplia de objetos que materializam as memórias e trajetórias vividas pelos migrantes que passaram pela Suíça.
Segundo o fundador do museu, tratam-se de objetos “pobres em valor, mas riquíssimos em historias humanas”.
Num pequeno espaço com pouco mais de 30 metros quadrados, o professor conseguiu juntar uma quantidade notável de objetos, lembranças, depoimentos e livros ligados à migração na Suíça e em todo o mundo.
“Muitos foram os que contribuíram, cedendo objetos relativos às suas experiências enquanto migrantes, para a construção deste museu”, afirmou o fundador do museu.
“Neste espaço podemos encontrar diversas malas repletas de memórias: passaportes antigos, fotografias, bilhetes de comboio, postais e muitos outros objetos representativos da imigração deixados por todos aqueles que trocaram os seus países de origem para ocuparem novos espaços”, acrescenta o professor.
O Museu da Imigração está aberto apenas cem dias por ano e teve um total de 700 visitantes no ano passado.
Ao longo dos 14 anos de atividade, o museu organizou mais de 100 encontros e exposições, 200 conferências e 10 colóquios sobre várias temáticas ligadas à migração.
A vocação “iminentemente pedagógica” é outra das apostas do museu, referiu o fundador, salientando que o projeto “tem uma escola onde são realizadas visitas guiadas onde se fala sobre os usos e costumes de cada cultura” de forma a consciencializar os jovens para a “importância do património cultural” de cada país de onde chegam os imigrantes à Suíça.
O objeto de maior destaque do museu é uma vitrina que inclui uma exposição fotográfica do suíço Jean Morh, que acompanhou a viagem de um grupo de espanhóis e portugueses, nos anos 1970, desde a saída das suas aldeias até chegarem à Suíça.
O espaço destinado a guardar todas as memórias deixadas pelos imigrantes, acolhe também uma pequena coleção de amostra de terras provenientes de vários países, que permitem “reunir um pouco da história do mundo”, segundo o fundador.
Muito ligado à espiritualidade, Ernesto Ricou explica-nos que “essas terras têm um fundo filosófico ou até mesmo espiritual” porque mostram que todos habitam o mesmo planeta.
“A terra é só uma, as fronteiras é que marcar e ditam as margens de cada país”, explicou.
“Antigamente, os espanhóis, portugueses e italianos sofreram bastante quando cá chegaram. Hoje, a luta continua para todos estes povos originários de países longínquos, como é o caso dos novos migrantes”, salientou o professor reformado.
No entanto, em relação a essas novas vagas migratórias, “infelizmente a Suíça, mostra uma resistência enorme”.
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