O filme de Christopher Nolan, que também ganhou o Óscar de Melhor Realização, competia, para Melhor Filme, com “American Fiction”, “Anatomia de uma queda”, “Barbie”, “Os excluídos”, “Assassinos da lua das flores”, “Maestro”, “Vidas passadas”, “Pobres criaturas” e “Zona de interesse”.
Os Óscares foram entregues esta noite no Dolby Theatre, em Los Angeles, numa cerimónia em que “Oppenheimer” era o mais nomeado dos filmes, com 13 nomeações.
No final, a obra de Nolan somou sete óscares: Melhor Ator (Cillian Murphy), Melhor Ator Secundário (Robert Downey Jr.), Melhor Banda Sonora Original, Melhor Fotografia e Melhor Montagem, além dos óscares de Melhor Filme e Melhor Realização.
"Pobres criaturas", do realizador grego Yorgos Lanthimos, que somava 11 nomeações, conseguiu quatro: Melhor Atriz (Emma Stone), Melhor Caracterização, Melhor Guarda-Roupa e Melhor Design de Produção.
O filme de Martin Scorsese, “Assassinos da lua das flores”, que partiu com 10 nomeações, entre as quais as de Melhor Filme e Melhor Realização, não obteve qualquer Óscar, à semelhança de "Maestro", de Bradley Cooper, uma biografia do compositor e regente Leonard Bernstein, que foi candidato a Melhor Filme.
“Barbie”, de Greta Gerwig, obteve apenas uma estatueta das oito nomeações, para a canção de Billie Eilish e Finneas O'Connell "What was I made for?".
Este foi o segundo Óscar conquistado pela dupla de irmãos, depois de há dois anos terem vencido na mesma categoria com a canção tema do filme "007: Sem tempo para morrer" ("No time to die").
O cineasta Wes Anderson, ausente da cerimónia, que soma cerca de uma dezena de nomeações para os Óscares, de Melhor Filme a Melhor Argumento e Melhor Realização, com filmes "Os Tenenbaums" e "Moonrise Kingdom", obteve o primeiro óscar da sua carreira com a curta-metragem "A incrível história de Henry Sugar".
O Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação foi para “O rapaz e a garça”, de Hayao Miyazaki, também ausente da cerimónia, no dia em que anunciou uma pausa no seu percurso de realizador.
Entre os nomeados nesta categoria estava o português Joaquim dos Santos, que correalizou “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”, com Kemp Powers e Justin K. Thompson, distinguido nos prémios Annie.
Numa cerimónia da academia norte-americana de cinema, o Óscar de Melhor Argumento Original foi para a produção francesa "Anatomia de uma queda", dirigido e coescrito por Justine Triet, enquanto o Óscar de Melhor Som foi para a produção independente britânica "A zona de interesse", de Jonathan Glazer, que também conquistou o Óscar de Melhor Filme Internacional.
Este filme tem no som o seu elemento mais dramático, ao tornar evidente os crimes cometidos no campo de extermínio nazi, por oposição à banalidade da vida quotidiana da família de Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz durante a II Guerra Mundial, que domina a imagem.
Ao receber o Óscar, Jonathan Glazer alertou para os riscos da desumanização, num discurso em que lembrou as vítimas do ataque do Hamas, ocorrido em território israelita em 7 de outubro passado, e também as vítimas da retaliação de Israel sobre a Faixa de Gaza e a situação extrema em que se encontra a população palestiniana, sem hipótese de saída desse enclave.
O realizador dedicou o Óscar a Alexandria, uma mulher de 90 anos que fez parte da resistência polaca à ocupação nazi, e que conhecera durante as filmagens, lembrando a sua coragem.
O Óscar de Melhor Documentário atribuído a “20 days in Mariupol”, do jornalista e realizador Mstyslav Chernov, é o primeiro dado a um cineasta da Ucrânia, e também a uma agência de notícias, no caso a Associated Press, que soma 178 anos de história.
O filme documenta o cerco da cidade ucraniana de Mariupol pelas forças russas, em 2022, fixando-se na capacidade de resistência da população e dos soldados ucranianos.
Chernov disse que seria certamente o único realizador a preferir não receber o Óscar, tendo em conta o filme que dirigiu, assim como preferia que a Rússia nunca tivesse invadido a Ucrânia e ocupado as suas cidades, nem feito reféns civis e militares.
"Não posso alterar a História nem o passado", afirmou Chernov. "Todos juntos, porém, podemos fazer com que a História tome o rumo devido e que a verdade perdure."
O segmento In Memoriam dos prémios da Academia, que evocou personalidades como os atores Alan Arkin, Glenda Jackson e Richard Roundtree, o realizador William Friedkin, a cantora Tina Turner e o compositor Ryuichi Sakamoto, abriu com uma sequência do documentário "Navalny", vencedor do Óscar no ano passado.
O líder da oposição russa, que morreu em fevereiro numa prisão de Vladimir Putin, surgiu assim em grande plano no ecrã para dizer: "A única coisa necessária para o triunfo do mal é que as pessoas de bem não façam nada."
Os vencedores das principais categorias dos Óscares:
- Melhor Filme — "Oppenheimer", Emma Thomas, Charles Roven e Christopher Nolan (produtores)
- Melhor Realização — "Oppenheimer", de Christopher Nolan
- Melhor Atriz — Emma Stone ("Pobres criaturas")
- Melhor Ator — Cillian Murphy ("Oppenheimer")
- Melhor Atriz Secundária — Da’Vine Joy Randolph ("Os excluídos")
- Melhor Ator Secundário — Robert Downey Jr. ("Oppenheimer")
- Melhor Filme Internacional — "A zona de interesse", de Jonathan Glazer (Reino Unido)
- Melhor Curta-Metragem — "A incrível história de Henry Sugar", de Wes Anderson
- Melhor Longa-Metragem de Animação — "O rapaz e a garça", de Hayao Miyazaki
- Melhor Curta-Metragem de Animação — "War is over", de Dave Mullins e Sean Lennon
- Melhor Documentário — "20 days in Mariupol", de Mstyslav Chernov
- Melhor Curta-Metragem Documental — "The last repair shop", de Kris Bowers e Ben Proudfoot
- Melhor Argumento Original — "Anatomia de uma queda", de Justine Triet e Arthur Harari
- Melhor Argumento Adaptado — "American fiction", de Cord Jefferson e Percival Everett
- Melhor Banda Sonora Original — "Oppenheimer", de Ludwig Göransson
- Melhor Canção Original — "What was I made for?", de Billie Eilish e Finneas O'Connell, para "Barbie"
- Melhor Design de Produção — "Pobres criaturas", James Price, Shona Heath e Zsuzsa Mihalek
- Melhor Montagem — "Oppenheimer", Jennifer Lame
- Melhor Fotografia — "Oppenheimer", Hoyte Van Hoytema
- Melhores Efeitos Visuais — "Godzilla minus one", Takashi Yamazaki, Kiyoko Shibuya, Masaki Takahashi e Tatsuji Nojima
- Melhor Som — "A zona de interesse", Tarn Willers e Johnnie Burn
- Melhor Caracterização — "Pobres criaturas", Nadia Stacey, Mark Coulier e Josh Weston
- Melhor Guarda-Roupa — "Pobres criaturas", Holly Waddington
Comentários