O ‘Extended Play’ (EP) “Cativo” põe fim a um interregno de mais de uma década de gravações, e é o “prefácio ao próximo disco”, revelando “um maior amadurecimento das interpretações”, disse o músico à agência Lusa.
No dia seguinte, Paulo Bragança estará na FNAC Almada Forum e, no dia 08 de abril, na FNAC em Cascais. Também em abril, o fadista tem agendado dois espetáculos, no dia 05 e no dia 28, respetivamente, no Teatro Miguel Franco, em Leiria, e na Casa das Artes, em Arcos de Valdevez, no Minho.
Paulo Bragança, em entrevista à agência Lusa, afirmou-se cativo de si próprio, do seu corpo e espaço, e daí o título do EP.
“Todos nós estamos cativos dentro deste corpo e desta alma, e deste espaço que nos encerra, e libertar o cativo é libertar aquilo que nós temos de mais íntimo”, disse.
“Eu sou cativo de mim próprio, estou muito virado para dentro, mas é uma característica comum à humanidade. Em todos nós há um cativo, e até costumo dizer, ‘libertem o cativo que há dentro de nós'”, afirmou o fadista.
Referindo-se à edição do EP, Paulo Bragança reconheceu que “é a sede em querer gravar”.
“De querer gravar e mostrar que estou a trabalhar, a fazer coisas, [que] estou vivo”, disse Paulo Bragança, de 46 anos, natural de Luanda. “Não é fadista quem quer”, acrescentou.
“O fadista por excelência, e por condição, só partilha aquilo que é. O fadista não pode ser fabricado. Se for fabricado, não é autêntico, não é verdadeiro. Não há fábrica de fadistas. O fadista inventou-se a ele próprio”, disse Paulo Bragança.
“Cativo” é constituído por sete temas, um deles inédito, um cantado em gaélico e três gravados ao vivo, no festival Caixa Alfama, em setembro passado, e antecipa o próximo disco que se intitulará “Idílio”, que deve sair no verão.
Os três primeiros temas — “Rosa da Noite” (José Carlos Ary dos Santos/Joaquim Luís Gomes), “Biografia do Fado” (Frederico de Brito) e o inédito “Peregrino” (Carlos Maria Trindade/Paulo Bragança) — formam “uma espécie de autobiografia” do fadista.
O CD inclui ainda novas versões, gravadas no Caixa Alfama, de “Remar, Remar”, do repertório dos Xutos & Pontapés, “Soldado” (Francisco José Resende) e “Mistérios do Fado” (João Monge/Manuel Paulo), temas que Paulo Bragança afirma que “não são do repertório do fado, mas quem o canta é fadista e além do mais, está lá tudo nas suas letras sobre o fado”. Por isso, “podiam ser fados”, garante.
O sétimo tema é do cancioneiro tradicional da Irlanda, país onde Paulo Bragança viveu, quando saiu de Portugal e se afastou das lides musicais. O tema intitula-se “Caoineadh Na Dtrí Mhuíre”, que significa “Lamento”, e retrata a descida de Cristo da Cruz, ajudado pelas mulheres.
“Ouvi este tema numa missa de Sexta-Feira da Paixão, em Dublin, e achei que estava ali o fado inteiro”, afirmou.
No CD Paulo Bragança conta com a participação de Sandro Costa e Bruno Mira, na guitarra portuguesa, Tiago Silva, na viola, André Santos, na guitarra clássica, Jorge Carreiro, no contrabaixo, Carlos Maria Trindade, nas teclas, entre outros músicos como Alexandre Tavres e Julyo D’Agostino.
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