“Um grande desafio, um novo desafio, numa nova aventura profissional agora com o Cirque du Soleil”, afirma Hugo Martins à Lusa, de partida para o Canadá.
Sobre o seu percurso profissional, Hugo Soares Martins diz ser “um mix de várias coisas”.
Em criança começou por fazer ginástica no Ginásio Clube Português, em Lisboa, onde chegou a ser atleta de alta competição e que abandonou. Uma casa “a quem deve imenso” do que aprendeu até hoje, sublinha.
Quando acabou a carreira de alta competição, sensivelmente há 20 anos, Hugo Soares Martins foi atrás de um sonho de criança e enveredou por uma profissão que nada tem a ver com o que faz atualmente: Tirou o curso de piloto e aos 24 anos acabou por entrar na TAP onde esteve dois anos como comissário de bordo e mais três ou quatro anos como piloto de médio curso.
“Nessa altura da minha vida acho que escolhi uma vertente mais segura, mais garantida, financeiramente mais garantida”, observa. “Porque a sociedade, às vezes, também nos pede esse tipo de escolhas”, refere.
Foi esse então o caminho que escolheu e onde permaneceu até que voltou a “olhar para outro sonho de criança que era a dança e tudo o que tinha a ver com palcos, com espetáculos”.
“Ganhava bem, mas se tivesse ficado como piloto de aviação nesta altura já tinha gasto o dinheiro todo dos ordenados em psiquiatras ou psicólogos”, diz ao mesmo tempo que deixa sair uma gargalhada sonora.
Por isso, abandonou o que podia ter sido uma carreira de piloto e “mergulhou” na dança. Fez audições para a Escola Superior de Dança, entrou e começou a dançar.
“Nem sei bem como consegui entrar para a Escola, mas acredito que o meu passado como ginasta tivesse ajudado de alguma forma, nomeadamente em termos físicos, se bem que ginástica e dança são coisas em diferentes”, indica.
Começou o curso, mas não acabou, porque em simultâneo fez audições com o bailarino Benvindo Fonseca com quem acabaria por colaborar e com quem viria a fundar, pouco tempo depois, uma companhia, juntamente com a bailarina Paula Careto.
Na Lisboa Ballet Contemporâneo esteve até 2008, altura em que a companhia se extinguiu. Depois, esteve numa outra plataforma designada Lisboa Metropolitan Arts e assim foi dançando até chegar à beira dos 40 anos.
No entanto, há perto de um ano surgiu-lhe uma oportunidade única e rumou a Pequim onde esteve como diretor artístico do circo Cavalia, uma companhia canadiana semelhante ao Cirque du Soleil.
Há relativamente pouco tempo soube que o Cirque du Soleil precisava de um diretor artístico para o espetáculo “Toruk”, que se estreou há cerca de um ano e enviou-lhes o currículo.
Em maio foi contratado. No passado fim de semana tinha viagem marcada para voltar a voar, não como piloto, mas como passageiro rumo ao Canadá para receber instruções do Cirque du Soleil.
Uma semana depois voltará aos céus, desta vez rumo a Manila onde “Toruk” iniciará a digressão pela Ásia. "Toruk" é um dos 27 espetáculos que o Cirque du Soleil tem em digressão simultânea pelo mundo.
A seu cargo terá 46 pessoas e uma equipa de sete que dirigirá.
E se de momento está de corpo e alma no Cirque du Soleil – porque só assim sabe estar num trabalho, sustenta – também não deixa de acreditar que um dia ainda voltará aos palcos. Para dançar.
"Apesar de já estar com 41 anos, o bichinho de pisar o palco não morreu", observa.
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