A fase mais recente de “Ópera na Prisão” – desenvolvido pela SAMP desde 2014 – iniciou em 2018 com novo desafio: um conjunto de residências artísticas de diferentes formas de arte, pensadas para os reclusos e desenvolvidas num espaço preparado para ser uma nova sala de espetáculos aberta à comunidade, o “Pavilhão Mozart”.
Ao longo dos últimos meses foi criada e ensaiada uma peça coreográfica de linha contemporânea e o resultado é apresentado no sábado à tarde, fruto de uma coprodução com a Escola de Dança Clara Leão.
Sob determinadas condições de segurança (inscrição e identificação prévia, revista à entrada e sem telemóvel, por exemplo), o público maior de 16 anos é convidado a assistir à criação “De dentro para fora”, que envolveu reclusos da EPLJ e bailarinas da escola de dança.
“O espetáculo brota daquilo que fomos sentindo desde o primeiro dia em que nos sentámos em roda para dar início a um processo de criação”, explica a coreógrafa Clara Leão.
“E em roda permanecemos até hoje, cada um perante si próprio e perante o outro, a perceber como do ‘eu’ se passa ao ‘tu’ e depois ao ‘nós’. O ‘tu’ que precisamos de entender, e nos reflete; o ‘nós’ que constrói a pertença, e nos compromete com sonhos e projetos”, sublinha a responsável pela orientação da residência artística.
Sábado será, promete Clara Leão, “tudo saído da mente – ou do coração. Tudo saído ‘De dentro para fora'”.
Segundo a SAMP, “Pavilhão Mozart”, que continua a ser apoiado pela Fundação Gulbenkian através do programa PARTIS, é um segundo “andamento” do projeto “Ópera na Prisão” e tem um objetivo principal definido.
“Deixar dentro do estabelecimento prisional um espaço de criação permanente no âmbito das artes performativas, para todos o que habitam o estabelecimento prisional, mas também aberto à comunidade, como mais uma sala de cultura na cidade e região de Leiria”.
“De dentro para fora” é a primeira proposta para esse novo palco e explora a ideia da liberdade na dança contemporânea desenvolvida em lugar de não-liberdade, num jogo de limites testados nos últimos meses.
Depois da residência de dança, “Pavilhão Mozart” prosseguirá com residências dedicadas ao teatro, pela companhia Leirena, e à multimédia, com a produtora Casota Collective.
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