A Janela é o projeto educativo do Festival Internacional de Literatura e de Língua Portuguesa — Lisboa 5L, cuja primeira edição deveria ter acontecido em maio passado, mas foi adiada para maio de 2021, por causa da covid-19.
Apesar de adiar o festival, a direção artística quis manter em marcha o projeto educativo, reformulando-o para se adaptar às circunstâncias da atividade das escolas do primeiro ciclo em contexto de pandemia, com ensino em sala de aula e à distância, como contou à agência Lusa a curadora de A Janela, Sara Amado.
O projeto, que estava a ser planeado há mais de um ano, partiu da ideia de que “o livro é um objeto de grande potencial na educação integral da criança, oferecendo, a par da fruição da leitura, oportunidades múltiplas de reflexão, debate, consciencialização e formação humana”.
A ideal inicial era disponibilizar um pacote de 25 livros ilustrados, uma “microbiblioteca”, para várias escolas do primeiro ciclo, de Lisboa, com uma curadoria específica e uma série de atividades e guias de exploração associados.
Até porque, considera Sara Amado, as bibliotecas escolares das escolas do primeiro ciclo nem sempre têm capacidade ou acervo suficiente para responder a algumas necessidades dos professores, e estes “sentem-se um bocadinho sozinhos para puxar pelos alunos em diferentes áreas”.
No entanto, a pandemia da covid-19 obrigou a uma reformulação do projeto educativo, transformando-o, para este ano letivo, numa pequena biblioteca virtual de 25 livros ilustrados, disponibilizados em formato vídeo, ‘online’, e com os respetivos guias de exploração temática para professores do primeiro ciclo.
“Primeiro tinha pensado que os 25 livros iam ser sobre eles próprio, sobre ler, sobre livros, sobre leitura, sobre esta magia. Mas de repente o mundo mudou, de facto. E era preciso pegar nisto doutra maneira. Pareceu-me que fazia sentido por os miúdos a pensar, mais do que fazer uma cartilha”, disse Sara Amado.
Em A Janela (https://lisboa5l.pt/janela/), o tema geral dos livros escolhidos é a Cidadania, abarcando assuntos como a família, o ambiente, o património, a relação com o outro, com as cidades. A leitura dos livros foi feita pelos encenadores e programadores Catarina Requeijo e Miguel Fragata e o trabalho de vídeo é assinado pela ilustradora Maria Remédio.
“Os bons livros servem para imensa coisa: para ler, olhar, permitem múltiplas leituras, mais profundas, mais superficiais, mais divertidas, mais de pensamento. […] Estes 25 livros podiam ser pegados para outros temas, porque são tão ricos que dão para isso”, afirmou Sara Amado.
Os vídeos só estão acessíveis para os professores das escolas do concelho de Lisboa, até por questões relacionadas com direitos de autor e relacionadas com a abrangência geográfica do festival 5L, mas todos os guias de atividades e de exploração temáticos são de acesso gratuito.
Segundo a curadora, A Janela é mais uma ferramenta para os professores do primeiro ciclo abordarem com os alunos questões que lhes são próximas.
“A ideia é que os livros podem ser um ponto de partida de aprendizagem informal. São objetos que os miúdos gostam. Podem gostar mais de ler ou menos, mas de ouvir história é raro encontrarmos uma criança que não goste. E os professores conseguem cativar nesses momentos, na hora do conto”, explicou.
Esta curadoria de A Janela estender-se-á até ao final de 2021 e, se houver uma evolução favorável da pandemia, Sara Amador explica que, para o próximo ano letivo, é possível que o projeto volte ao formato inicial, com a aquisição de microbibliotecas, curadoria de outros livros ilustrados, acessíveis para serem manuseados pelas escolas de Lisboa.
A primeira edição do Festival Internacional de Literatura e de Língua Portuguesa — Lisboa 5L deveria ter acontecido em maio deste ano, com programação e coordenação do livreiro José Pinho.
No entanto, por conta da pandemia, foi adiado e remarcado de 5 a 9 de maio de 2021, segundo informação disponibilizada na página oficial.
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