Na carta, publicada no site Eurovison Fun, mas também no Twitter da intérprete portuguesa, Iolanda, os representantes de nove países começam por afirmar que reconhecem “o privilégio de participar na Eurovisão”, mas que não se sentem “confortáveis em ficar em silêncio” perante a “situação atual nos Territórios Palestinianos Ocupados, em particular em Gaza e em Israel”.
“É importante para nós sermos solidários com os oprimidos e comunicar o nosso sincero desejo de paz, de um cessar-fogo imediato e duradouro e do regresso em segurança de todos os reféns. Estamos unidos contra todas as formas de ódio, incluindo o antissemitismo e as ligações”, defendem.
“Sentimos que é nosso dever criar e defender este espaço, com a forte esperança de que ele inspire maior compaixão e empatia”, acrescentam.
Além de Portugal, assinam esta carta os intérpretes da Irlanda, Noruega, São Marino, Suíça, Reino Unido, Dinamarca, Lituânia e Finlândia.
A participação de Israel no Festival Eurovisão da Canção deste ano tem vindo a gerar polémica, tendo recentemente a organização validado a música daquele país após uma modificação na letra com a intenção de apagar qualquer menção que pudesse ser considerada política.
A controvérsia sobre a letra da canção israelita surgiu entre vários apelos de representantes políticos e artísticos europeus à União Europeia de Radiodifusão (UER), para que vetasse a participação de Israel devido à guerra na Faixa de Gaza.
O organismo respondeu que a Eurovisão é um evento “apolítico”, mas este argumento também foi criticado quando se recordou a rápida expulsão da Rússia na sequência da sua agressão militar contra a Ucrânia em 2022.
O 68.º Festival Eurovisão da Canção decorre em maio, em Malmo, na Suécia, 50 anos depois da primeira vitória daquele país com o tema “Waterloo”, dos ABBA.
Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar no concurso de música, em 1973, e ganhou quatro vezes, incluindo com a cantora transgénero Dana International, em 1998.
Em 07 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) – desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel – realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, tendo feito até agora na Faixa de Gaza mais de 32.500 mortos, pelo menos 75.000 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com um balanço recente das autoridades locais.
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