“Sonho de uma noite de verão”, de William Shakespeare, com encenação de Diogo Infante, sobe ao palco do Teatro da Trindade, em Lisboa, no dia 21 de setembro, apresentando-se como um musical que revisita o cancioneiro português, uma forma encontrada pelo encenador para abordar originalmente um dos espetáculos mais representados do mundo.

“Sabia que fazer ‘Sonho de uma noite de verão’ implicaria necessariamente uma revisitação, de alguma forma original. É um dos textos mais representados no mundo, e em Portugal tem sido feito em variadíssimas versões. Comecei a entusiasmar-me, a cativar e a seduzir todo o elenco, também em função das escolhas musicais e das próprias personagens, e acabei por ter este grupo fantástico de pessoas com quem tenho tido a possibilidade de trabalhar que me ajudaram a dar corpo e voz a esta ideia”, contou à Lusa Diogo Infante.

Mas a vontade de levar este espetáculo à cena já vem de trás, de quando fez parte do elenco que, em 1991, no Teatro da Malaposta, interpretou este espetáculo numa encenação de Rui Mendes.

“Adorei fazer a peça, sou um fã de Shakespeare e sabia que um dia iria regressar a ele. Comecei a magicar essa possibilidade sobretudo depois de ter visto em Londres o ‘Moulin Rouge’, e fiquei a pensar o que aconteceria se usasse o artifício de utilizar uma série de músicas muito conhecidas, no caso portuguesas, e as casasse e cruzasse com um texto clássico de Shakespeare”, recordou.

Começou então à procura de temas que pudessem ter que ver com a história, que falassem de amor, que falassem de magia, que falassem de floresta, que falassem de sonho, até que encontrou “muitos temas que tinham esse denominador comum”.

O passo seguinte foi integrar essas músicas no texto e fazer o trabalho de dramaturgia, sempre com “a cumplicidade” de Artur Guimarães, diretor musical do espetáculo, com quem já tinha trabalhado no “Chicago”.

Montar o espetáculo foi “relativamente fácil”, porque o próprio texto “reivindicava determinado tipo de abordagens”, tendo sido apenas necessário perceber que músicas se uniam e faziam sentido na narrativa, explicou, acrescentando que “foi muito bonito perceber que era quase natural, como se aquelas letras fizessem parte daquele texto”.

Para Diogo Infante, “O sonho de uma noite de verão” é um texto “mágico, fantástico, juvenil, adolescente, divertido”, mas é também “um texto muito musical”, que “pede música e chama a música”.

“E a música acaba por acontecer de uma forma muito graciosa sem ser imposta ou forçada e é isso que dá uma dimensão ao espetáculo que nos escapa e agora dá-lhe uma componente muito portuguesa: são vários géneros musicais que estão ali retratados, ao longo de várias décadas, muitos destes temas são muito conhecidos, e isso cria uma relação empática com uma memória coletiva que também é afetiva e, portanto, acho que são os ingredientes certos para tornar este espetáculo num sucesso e capaz de agradar toda a gente”.

O conjunto de músicas escolhidas é diverso e eclético e inclui composições de artistas que vão de José Cid às Doce, passando por Paulo de Carvalho, Simone, HMB, Heróis do Mar, Amália Rodrigues, Ornatos Violeta, Ala dos Namorados, Salvador Sobral, Marco Paulo, Carolina Deslandes, Expensive Soul, Entre Aspas ou Dulce Pontes.

Confessando-se com uma “expectativa muito alta”, Diogo Infante descreve este espetáculo como uma “ópera pop, uma ópera rock” e “sobretudo uma ode ao amor e à felicidade”.

“Nós acabamos com o tema ‘Amar é que é preciso’ e é essa a mensagem que eu quero passar: esta é uma oportunidade de sair de lá muito animados, muito bem dispostos e com a sensação que temos que aproveitar o dia e que, de facto, isto passa a correr”.

Esta comédia de Shakespeare, escrita entre 1594 e 1596, é inspirada na mitologia clássica, uma história de amores e desamores cruzados, que põe em conflito personagens e situações.

A peça vai estar em cena até dia 26 de novembro e os bilhetes, que custam entre 14 € a 22 €, já podem ser adquiridos aqui.