No ano em que celebra 25 anos de companhia, o Teatrão vai avançar com uma série de espetáculos novos onde procura refletir sobre o poder, num momento em que movimentos populistas vão crescendo pelo mundo, disse à agência Lusa a diretora do grupo, Isabel Craveiro.
"Interessa-nos muito discutir como é que se faz e se processa a ascensão ao poder das classes políticas", frisou.
A 27 de março, Dia Mundial do Teatro, a companhia de Coimbra estreia o espetáculo "Ricardo III", de Shakespeare, e a escolha, conta Isabel Craveiro, não é nada inocente.
Ao olhar para o que está a acontecer no mundo e verificando "uma certa nostalgia pelas ditaduras e figuras totalitárias", o Teatrão optou por adaptar a obra do "maior vilão da dramaturgia shakespeariana".
"A sua ascensão é facilitada pelo facto do poder vigente e da classe política nada produzir e nada produzir torna mais fácil esta ascensão. É um prisma sobre o qual nos interessa discutir esta adaptação", através do olhar das "quatro mulheres que se relacionam com esta história", disse a diretora.
Ainda durante este ano, a companhia volta ao tema do poder com a estreia da "Ala de Criados", do argentino Mauricio Kartun, que aborda uma revolução no século XIX na Argentina, mas que o Teatrão pretende reinterpretar para falar também da forma como a Europa olha para América, seja a América "do Trump ou do Bolsonaro", referiu Isabel Craveiro.
Também no ano do 25.º aniversário do Teatrão será ainda apresentada uma coprodução com o grupo O Bando, a partir de texto do escritor Afonso Cruz, num espetáculo para a infância em que se vai apresentar uma visão "mais otimista da capacidade de comunicação e transformação do mundo entre culturas diferentes", disse.
A 21 de março, o Teatrão sopra as velas e vai realizar um ensaio aberto de "Ricardo III", seguido de uma festa na Oficina Municipal do Teatro, sede da companhia.
Por lá, durante o primeiro trimestre deste ano, vão também continuar os concertos no espaço da Tabacaria, com nomes como Old Jerusalem, Paraguaii ou The Lazy Faithful.
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