A peça resulta de um longo processo de pesquisa e recolha que levou o coletivo de artistas a viver durante curtos períodos de tempo na Amazónia brasileira, na Roménia (“pátria” do conde Drácula), Alemanha, França e finalmente Portugal (Coimbra), onde chegaram há três meses.
“Tem havido um trabalho de construção de um Drácula para o século XXI”, justifica André Feitosa, que reconhece que a figura criada por Bram Stoker se tornou extremamente popular no mundo inteiro, tendo sido feitas, segundo a sua estimativa, “mais de duas mil adaptações de peças de teatro, cinema e atividades artísticas”.
Essa extrema popularidade da figura do conde Drácula não desmotivou o coletivo, que garantiu o financiamento para a peça ao ganhar o concurso Rumos Itaú, promovido por este banco brasileiro. A ideia original era adaptar o romance de Bram Stoker “sob o viés antropológico das origens romenas e correlações com práticas mágicas brasileiras e de outras partes do mundo”.
Desde então, o coletivo baseado em Fortaleza (Ceará) tem percorrido diversos lugares do mundo considerados relevantes, “em viagens exploratórias (iniciáticas)”, especulando sobre a origem e formação do mundo que se encontra em muitos mitos religiosos e na filosofia dos pré-socráticos. Isto levou-os inicialmente a zonas remotas da Amazónia. Depois, estiveram os Cárpatos, na Roménia, estudando a geografia onde se move o vampiro de Bram Stoker.
Seguiu-se uma passagem curta pela Alemanha e dois meses em França, onde, entre outras coisas, fizeram “performances” em zonas campestres.
Em Coimbra, onde chegaram há três meses para uma residência, receberam a contribuição da dramaturga portuguesa Patrícia Portela, que, em conjunto com Alexandra Del Farra, montou o espetáculo que será visto em estreia mundial na quarta-feira, com repetição na noite seguinte.
“Propomos uma busca daquilo que permanece ou que convive com a sua própria morte (Un-Dead), sobrevivente, ameaçador: Drácula”, refere o coletivo a apresentação da peça.
Comentários