“Num contexto de reflexão sobre o património português, o que queremos mais uma vez é chamar a atenção para o valor inestimável desta memória visual e para a importância de tê-la em conta nos debates sobre o futuro”, afirma a Cinemateca em nota de imprensa.

De entrada gratuita, a sessão decorrerá entre as 18:00 e as 22:00, sem interrupções, exibindo “filmes ou excertos de filmes de todas as épocas, géneros ou categorias, que se vão sucedendo de forma não hierarquizada”.

A sessão de tributo ao cinema feito em Portugal tem por título uma interrogação: “Que faremos nós com esta espada?”, que remete para o documentário “Que farei eu com esta espada?”, de João César Monteiro, feito em 1975, sobre Portugal.

“Por detrás do alinhamento desta sessão especial [está] a ideia de uma viagem livre, não sistemática e não cronológica, sustentada na intuição e numa relação viva com a história do país”.

A Cinemateca Portuguesa está a celebrar 70 anos, com uma série de iniciativas que se prolongará até 2019, chamando a atenção para a sua primeira missão: a salvaguarda e a divulgação do património cinematográfico.

Além de ciclos específicos e debates, o programa alargado de celebração dos 70 anos incluirá ainda um processo, progressivo, de classificação de alguns filmes do cinema português como tesouros nacionais, como tinha dito em setembro passado o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, à agência Lusa.

“A classificação tem um impacto simbólico e um impacto prático e implica uma responsabilidade acrescida do Estado”, disse, sublinhando que está em causa um “testemunho absolutamente precioso e inestimável sobre a história e a vivência do século XX”.

Esta é a primeira vez que a Cinemateca celebra a data da sua fundação, enquanto entidade pensada para criar uma coleção fílmica e documental e preservá-la. Até aqui, era assinalada habitualmente a abertura oficial da Cinemateca ao público, com sessões de cinema iniciadas a 29 de setembro de 1958.

A celebração acontece num momento em que a Cinemateca procura uma solução orgânica que lhe permita ultrapassar os constrangimentos administrativos e financeiros que, no entender do diretor, têm afetado o funcionamento do organismo, enquanto motor de preservação do património fílmico.

“Estamos a lutar pela sobrevivência, quando devíamos estar a responder a novos desafios e a uma dinâmica de conjunto que está a evoluir muito depressa. As cinematecas estão a mudar, o contexto digital mudou muita coisa, todo o panorama de trabalho é bastante diferente (…) e não estamos a poder usar o nosso próprio potencial”, lamentou na mesma entrevista.