Os praticantes destas atividades, que decorrem em piscina climatizada, são originários de aldeias espanholas situadas junto à fronteira, que integram comarcas como Sayago ou Aliste, onde não existe este tipo de equipamento.
A proximidade raiana faz com que os espanhóis se sintam em casa e, garantem à Lusa, que aquela piscina de Miranda do Douro se trata de “um espaço luxuoso em territórios ibéricos de ambiente rural”.
“Adoro vir a este local, porque me sinto mais relaxada e confortável. Aqui faço exercício físico orientado por um monitor que me ajuda a evitar dores nas articulações, musculares ou em outras partes do corpo. Este é um equipamento que considero luxuoso e está muito mais próximo da minha localidade”, concretizou à Lusa Luz Maria, da pequena aldeia espanhola de Villardiegua de la Ribera.
À Lusa, os utentes espanhóis garantem que “a proximidade” das suas localidades de origem e a qualidade das piscinas municipais fazem com que haja uma procura crescente do espaço, já que só em Zamora é que existe um equipamento semelhante e que se situa “a uma maior distância”.
As distâncias a percorrer variam entre 12 e os 25 quilómetros até Miranda do Douro.
Os baixos preços são outro dos atrativos para os utentes vindos deste território da província espanhola de Castela e Leão, sendo que os adultos pagam mensalmente 11,97 euros e as crianças até aos 6 anos 9,98 euros.
Segundo dados fornecidos à Lusa, nas aulas de natação há oito turmas com um número mínimo de 15 alunos. Já na classe sénior são cerca de uma centena os utentes a praticarem hidroginástica e outras atividades, sendo que cerca de 70% são espanhóis e há pessoas em lista de espera.
“Aqui passamos momentos bem-dispostos e boa convivência entre todos. Este tipo de atividades aquáticas faz muito bem à saúde e venho aqui com as minhas amigas duas vezes por semana. Quanto aos exercícios, há uns mais duros do que outros. Porém, haja alegria”, expressou Maria Angel Barnabé, uma praticante de hidroginástica proveniente de Moralina de Sayago.
A convivência entre espanhóis e portugueses durante o período de utilização da piscina aquecida tem vindo a desenvolver relações de amizade e companheirismo, quebrando assim fronteiras entre territórios que estão separados pelo rio Douro ou raia seca administrativa.
Glória Fidalgo, uma utilizadora desta piscina oriunda de Miranda do Douro, refere que, para os mirandeses, “não existem fronteiras, sendo importante a vinda dos vizinhos espanhóis a este espaço para o ajudar a manter aberto todo o ano”.
“É sempre bom que outros utilizadores ajudem a manter este tipo de equipamentos municipais todo o ano. Só com os utilizadores do concelho de Miranda não acredito que isso fosse possível. Há convívio entre os povos da raia, até porque todos falamos ‘portunhol'”, descreveu a utente portuguesa.
Francisco Parreira, professor de educação física no município de Miranda do Douro, disse que esta é uma “experiência gratificante”, porque há motivação por parte dos utentes espanhóis, que apresentam uma cultura desportiva diferente dos portugueses.
“Os espanhóis chegam sempre com vontade de trabalhar e de se divertirem, apresentando uma mente muito aberta, nos mais diversos escalões etários”, vincou.
Em fase de processo de certificação está uma escola de natação municipal, fator que atrai as crianças e jovens espanhóis a Miranda do Douro para a aprendizagem desta prática desportiva e “há bastantes pessoas em lista de espera”.
Por seu lado, o presidente da câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, frisa que foram efetuadas obras de vulto na piscina municipal nos últimos anos, que rondaram o meio milhão de euros.
“A eficiência energética do equipamento foi tida em conta, para assim reduzir os custos de funcionamento da piscina aquecida. Por outro lado, criámos modalidades desportivas diferenciadas para todas as idades”, vincou o autarca.
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