Hoje, o objetivo passa por fazer uma espécie de guia para dois tipos de pessoas:
As que foram ver "No Way Home" ao cinema e que, no final, estavam meio perdidas porque já não se lembravam das histórias dos anteriores "Homens-Aranha";
As que estão a pensar ir ver o filme esta semana, mas não têm tempo de se pôr a par das histórias anteriores nem do universo da Marvel.
Uma breve história do Homem-Aranha (no Grande Ecrã)
O “Homem-Aranha” apareceu pela primeira vez num comic book da Marvel de 1962 chamado Amazing Fantasy e foi criado pela lenda Stan Lee, com ilustrações de Steve Ditko. Nos anos seguintes, foi-se tornando cada vez mais popular, até se tornar na personagem mais querida do universo da Marvel. Teve adaptações para TV, mas só chegou aos cinemas em 2002, 40 anos depois de ter sido originalmente apresentado ao grande público.
A primeira geração
O projeto para trazer o super-herói para o grande ecrã esteve na gaveta durante 25 anos, devido a disputas comerciais sobre os direitos da personagem. Em 1999, a situação foi resolvida e a Sony tornou-se na produtora responsável pelo “Homem-Aranha” e colocou em andamento os planos para um filme com o Spidey. Leonardo DiCaprio foi considerado para protagonista, James Cameron e Tim Burton, por exemplo, foram considerados para realizadores da longa-metragem, mas no final não foi isso que aconteceu.
Tobey Maguire acabou por ser o escolhido para interpretar Peter Parker e Sam Raimi ficou ao leme da trilogia que iria definir o género de super-herói para o século XXI e iniciar o percurso que iria levar este tipo de filmes ao domínio de Hollywood.
3 filmes: "Spider-Man 1" (2002), "Spider-Man 2" (2004), "Spider-Man 3" (2007)
Resumo: Em termos de bilheteira, os três filmes foram um sucesso gigante com um total de 2.5 mil milhões de dólares em receitas. Em termos de qualidade, os dois primeiros são claramente superiores ao terceiro. Em termos de história, há dois momentos que marcam o herói: o momento em que recebe os poderes e fica com a responsabilidade de proteger a cidade de Nova Iorque, e o momento em que perde o seu tio Ben e que tem de aprender a tomar decisões por si próprio. Em todo este percurso, o Homem-Aranha tem de combater vilões como o Duende Verde (Willem Dafoe/James Franco), Dr. Octopus (Alex Molina), Sandman (Thomas Haden Church), ao mesmo tempo que tem de esconder a sua identidade e lutar pelo amor de Mary Jane Watson (Kirsten Dunst).
Outras personagens: A tia May, que acompanha todo o percurso de Peter até ser adulto, e J.Jonah Jameson (J.K Simmons), o diretor do jornal Daily Bugle, que odeia o Homem-Aranha e para o qual Peter acaba por trabalhar.
A segunda geração
Antes de haver um novo Homem-Aranha, era suposto haver um “Spider-Man 4”, numa continuação do universo protagonizado por Tobey Maguire. Só que na preparação de uma nova sequela, nenhuma das pessoas envolvidas no projeto sentiram que tinham uma história suficientemente boa e, então, decidiram começar do zero. Mark Webb (responsável por “500 Days of Summer”) substituiu Sam Raimi e Andrew Garfield passou a ser a cara do super-herói. Nesta nova abordagem a ideia passava não por contar a história toda outra vez, mas por mostrar mais momentos da vida de Peter Parker, num novo universo com novas personagens.
2 filmes: “The Amazing Spider Man” (2011) e “The Amazing Spider Man 2” (2014)
Resumo: Andrew Garfield é um Homem-Aranha e um Peter Parker melhor do que Tobey Maguire, mas o argumento em ambos os filmes acaba por ser pouco conseguido. No primeiro, acompanhamos uma história de origem semelhante com a perda do Tio Ben e a forma como os poderes aparecem, mas temos um lado mais pessoal de Peter Parker, enquanto um jovem no liceu, através da sua relação com Gwen Stacy (Emma Stone). Os dois filmes acabam por ter um tom mais teen drama e os momentos em que os dois partilham o ecrã são de longe os mais interessantes deste universo, muito mais do que as lutas que acabam por acontecer com vilões como o Lizard (Rhys Ifans) ou o Electro (Jamie Foxx). É por isso que o final trágico em que Gwen morre acabou provavelmente por levar ao fim antecipado deste universo.
Outras personagens: Uma tia May ligeiramente mais nova protagonizada por Sally Fields e um Harry Osborn (o melhor "amigo" de Peter que vira vilão), representado por Dane DeHann, do qual já ninguém se lembra.
A terceira geração
Em 2014, a Sony e a Marvel começaram a ter conversas sobre a possibilidade de integrar o Homem-Aranha no universo dos Avengers. É uma questão mais burocrática, mas basicamente a Sony é “dona” de personagens, como o “Spidey” e o Venom, e a Marvel é “senhora” de todas as outras, e ao longo dos anos nunca se tinham entendido para trabalhar em conjunto. Neste acordo, a ideia passava por integrar uma versão do super-herói com 15-16 anos, que pudesse crescer no universo, e largar algumas das storylines repetidas nas adaptações anteriores, que o público já dava como adquiridas.
Por isso, Andrew Garfield teve de devolver o fato e Tom Holland foi escolhido como o novo protagonista. As duas empresas decidiram introduzir o herói em "Captain America: Civil War”, como o protegido de Tony Stark/Iron-Man, e Jon Watts foi o realizador escolhido para os filmes a solo, que teriam um registo mais cómico do que as versões anteriores, influenciados um pouco pelo tom dos projetos recentes da Marvel.
3 filmes Avengers: “Captain America: Civil War” (2016), “Avengers: Infinity War” (2018), “Avengers: Endgame” (2019)
3 filmes a solo: “Spider-Man: Homecoming” (2017), “Spider-Man: Far From Home” (2019), “Spider-Man: No Way Home” (2021)
Resumo: O universo de Tom Holland tem um ambiente igualmente teenager, até pela proximidade que o ator tem à idade de Peter Parker, algo que não tinha acontecido nas adaptações anteriores. Outra diferença é que os filmes também servem, mais do que se focarem só no Homem-Aranha, para avançar a história do universo da Marvel. Ou seja, ao longo de cada aventura sentimos sempre que aquilo faz parte de algo maior. Nelas, Peter Parker é agora acompanhado pelo seu melhor amigo Ned e o seu novo amor também é MJ, neste caso uma sigla para Michelle Jones (Zendaya). No final de “Far From Home”, depois de lutar, numa visita de estudo à Europa, com um vilão chamado Mysterio (Jake Gyllenhaal), o Homem-Aranha vê a sua verdadeira identidade revelada ao mundo e é acusado de crimes que não cometeu, e é precisamente daí que “No Way Home” parte.
Outras personagens: Uma tia May ainda mais nova
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