“Não estava nada à espera, porque duas estrelas Michelin não é só um prémio, é uma responsabilidade muito grande perante os nossos clientes e as pessoas que nos visitam. Isto quer dizer que não podemos parar aqui e que temos de subir mais”, disse aos jornalistas, após a primeira gala exclusivamente portuguesa do guia Michelin, que se realizou em Albufeira.

Na cerimónia, o chef viu o Antiqvvm receber duas estrelas Michelin, juntando-se aos restantes sete restaurantes anteriormente distinguidos pelo guia nesta categoria atribuída a uma 'cozinha excelente, vale a pena o desvio'.

No entanto, Vítor Matos mostrou alguma desilusão por não haver nenhum restaurante a obter uma terceira estrela, dizendo ter-se sentido chocado. “Vejo os restaurantes a serem nomeados novamente com duas estrelas e penso: falta aqui alguma coisa”, reconheceu.

Se antes a sua cozinha era mais complexa, com pratos com muitos ingredientes e sabores muito fortes – o que lhe valeu a alcunha de ‘o barroco’ – hoje, o chef tenta primar pela delicadeza dos seus pratos, sempre com um toque português, referiu.

2Monkeys (Vítor Matos e Francisco Quintas, Lisboa); Desarma (Octávio Freitas, Funchal); Ó Balcão (Rodrigo Castelo, Santarém) e Sála (João Sá, Lisboa) são os restaurantes que se estreiam na em receber uma estrela Michelin, que distingue uma 'cozinha de grande nível, compensa parar'.

O restaurante Desarma, no Funchal, o único fora do continente a receber a distinção em 2024, está inserido num hotel de quatro estrelas, o que leva o chef Octávio Freitas, que abriu o restaurante há apenas um ano, a acreditar que hoje se fez “duplamente” história.

“Estamos a fazer duplamente história no dia de hoje, porque o Desarma está inserido num hotel de quatro estrelas e normalmente este tipo de restaurantes associa-se muito a produtos de cinco estrelas”, referiu.

Rodrigo Castelo, do restaurante Ó Balcão, em Santarém e que hoje foi distinguido com dois prémios: uma estrela Michelin e a ‘estrela verde’, que distingue a gastronomia sustentável, confessou não estar à espera do prémio, embora assuma ter trabalhado para isso.

“Há muito que gostávamos [de receber uma estrela] e não o escondíamos, tínhamos esse sonho […] Eu não estava mesmo à espera, há muitos anos que procuramos e, não estando à espera, é uma emoção muito forte mesmo”, disse aos jornalistas.

João Sá, do restaurante Sála de João Sá, em Lisboa, confessou estar emocionado com a distinção e repetiu aos jornalistas a ideia que já tinha mostrado em palco: [o que é preciso é] desfrutar, ser feliz a fazê-lo e sem obsessões e sem stresses, porque não faz sentido ser assim”.

Também o 2 Monkeys, em Lisboa, que junta Vítor Matos e Francisco Quintas, recebeu a sua primeira estrela Michelin na edição de 2024, sendo Francisco o mais novo chef a subir ao palco, com 25 anos, o que deixou igualmente orgulhoso.

“Estou muito contente, é o reconhecimento de um trabalho que está a ser feito em equipa, é um projeto muito recente. Houve esta mística entre os dois, primeiro entre nós, e depois entre a equipa”, declarou.

No total, o guia deste ano contabiliza 31 restaurantes com uma estrela. Três restaurantes não renovaram a estrela: Eneko Lisboa (por encerramento), Casa da Calçada (Amarante, em obras) e Vistas (Vila Nova de Cancela, devido à saída do chef Rui Silvestre, que transitou para o Fifty Seconds).

Portugal continua sem ter a distinção máxima de três estrelas ('cozinha única, justifica a viagem').

Os restaurantes portugueses distinguidos no Guia Michelin Espanha e Portugal 2024 foram anunciados hoje à noite na primeira gala exclusivamente nacional e que vai tornar-se um evento anual, segundo a publicação, que até à edição de 2023 anunciava os premiados numa cerimónia conjunta entre os dois países.

Portugal conta também com mais dois restaurantes com 'estrela verde' (que distingue a gastronomia sustentável): Malhadinha Nova (João Sousa, Albernoa) e Ó Balcão (Rodrigo Castelo, Santarém) - e totaliza, agora, cinco nesta categoria.