A mostra é “um tributo à memória das vítimas” da aliança político-militar firmada em 1975 por seis países - Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai - para eliminar a oposição e que resultou na morte de cerca de 60 mil pessoas.

Em 2014, em declarações à Lusa aquando da inauguração da exposição em São Paulo, João Pina recordava que, nove anos antes, pensava que podia “fazer o trabalho em seis meses”.

João Pina nasceu em Lisboa em 1980 e começou a fotografar com 18 anos. Vive e trabalha há mais de uma década na América Latina, onde em 2014 terminou o projeto “A sombra do Condor”, que demorou cerca de nove anos a concretizar e que financiou recorrendo ao ‘crowdfunding’ (financiamento coletivo). Recebeu mais de 20 mil euros de pessoas de 20 países diferentes.

O fotojornalista passou meses em arquivos, a resgatar imagens com um “valor plástico, histórico, documental, estético brutal”. Já o tinha feito para o trabalho sobre os presos políticos portugueses, mas este obrigou-o a mergulhar “muito mais nos arquivos, porque é uma realidade muito mais complexa, são seis países, são muitas histórias, muitos lugares muito diferentes”.

O projeto foi registando “um amadurecimento muito grande”, mas o mais “interessante”, explicou o fotojornalista, foi poder observar “as marcas” que a repressão “deixa nas pessoas”.

“A sombra de Condor” exigiu de João Pina uma presença “mais continuada”, em que manteve o contacto com as pessoas e pôde observar como a vida delas foi evoluindo. “No meu trabalho mais fotojornalístico, menos documental, (…), entro na vida das pessoas durante pouco tempo e de forma muito intensa e depois vou à minha vida”, afirmou.

“É muito interessante observar este tipo de processos na vida das pessoas e na vida dos países”, realçou, frisando que, na altura em que começou a investigação, “ninguém julgava os perpetradores de crimes contra a humanidade”.

Na altura da inauguração da exposição em São Paulo foi também editado o livro “Condor - o plano secreto das ditaduras sul-americanas”, pela Tinta da China, que é agora reeditado.

O livro de 246 páginas e com 175 fotografias pretende ser um tributo à memória das vítimas da Operação Condor, mas também fotografa os carrascos das ditaduras que dominaram a América Latina nas décadas de 1970 e 1980.

Em 2013, João Pina foi finalista do prémio de jornalismo García Márquez, instituído pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-Americano (FNPI, sigla em espanhol) com "'Filhos de uma guerra suja' , uma reportagem específica do trabalho 'A Sombra do Condor'".

Este ano, venceu o prémio Estação Imagem, com a reportagem “Rio de Janeiro – Preço pelos Eventos Desportivos”, através da qual tenta mostrar mostra as consequências que os Jogos Olímpicos de 2016 e o Mundial de Futebol de 2014 tiveram naquela cidade.

A exposição “Operação Condor” estará patente em Lisboa até 18 de julho.

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