A notícia já é de ontem mas os desenvolvimentos são de hoje e dizem respeito a uma "grande operação" levada a cabo pela Autoridade Tributária e o procurador Rosário Teixeira, do DCIAP, que tem como alvo os mais altos responsáveis da Altice em Portugal.

À boa maneira portuguesa esta investigação abarca um bocadinho de tudo, estando em causa dezenas de buscas em curso de norte a sul, nomeadamente na Quinta no Gerês de Armando Pereira, responsável da Altice Europa, e também na sede da Altice em Portugal, na zona de Picoas, em Lisboa.

As investigações deverão estar relacionadas com negócios ligados à alienação de património imobiliário, nomeadamente da antiga PT.

Os negócios sob suspeita estão relacionados com a venda de quatro prédios em Lisboa por cerca de 15 milhões de euros, sendo que os compradores dos edifícios têm ligações a um circuito empresarial que foi montado em Braga, na Zona Franca da Madeira e no Dubai, e têm relações com o empresário Hernâni Vaz Antunes, familiares e sócios.

Ainda no dia de ontem, a Altice confirmava ao SAPO24 ter sido alvo de buscas. "A Altice confirma que foi uma das empresas objeto de buscas pelas autoridades em cumprimento de mandado do Ministério Público no âmbito de processo de investigação em curso. A Altice encontra-se a prestar toda a colaboração que lhe é solicitada. A Altice Portugal estará sempre disponível para quaisquer esclarecimentos".

O que há de novo?

Esta quinta-feira, a Altice Portugal confirmou em comunicado a que o SAPO24 teve acesso que foi uma das empresas alvo de buscas pelas autoridades portuguesas em cumprimento de um mandado, emitido pelo Ministério Público, no âmbito de uma investigação em curso dirigida a indivíduos e entidades externas ao grupo Altice. Por esse motivo, deu início a uma investigação interna sobre os processos de aquisição e venda de imóveis.

"O Grupo Altice já deu início a uma investigação interna relacionada com os processos de compras e os processos de aquisição e venda de imóveis da Altice Portugal, bem como de todo o Grupo Altice. Com efeito imediato, e até nova ordem, o Grupo Altice pediu às sociedades participadas que: suspendam qualquer pagamento às entidades visadas pela investigação; suspendam qualquer nova ordem de compra (individual ou parte de um contrato principal) com estas entidades; seja reforçado o processo de aprovação do Grupo relativamente a qualquer ordem de compra", lê-se no comunicado.

Antes do dia terminar, ainda viria a público o facto do cofundador da Altice, Armando Pereira, ter ficado detido pela Polícia Judiciária depois das buscas efetuadas ontem à sua residência. Em causa estarão suspeitas de crimes como falsificação, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada. O responsável seria ouvido ainda hoje segundo informações partilhadas pela SIC Notícias.