As projeções da Atualização Estatística da Agência das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre Crianças e o VIH referem que, “se as tendências atuais persistirem, haverá, até 2030, 3,5 milhões de novas infeções pelo VIH em adolescentes”.
Para o responsável pelo setor da SIDA da Unicef, Chewe Luo, “é inaceitável que continuemos a ver tantas crianças a morrer devido ao VIH e tão pouco progresso para evitar novas infeções por VIH nos adolescentes”.
“A epidemia do VIH não acabou, continua a ser uma ameaça para a vida das crianças e dos jovens, e mais pode e deve ser feito para evitar isto”, acrescentou.
A Unicef adianta que os objetivos estabelecidos para acabar com a Sida entre crianças no documento interagências das Nações Unidas, 2020 Super-Fast-Track, publicado em 2016, não serão alcançados.
O documento refere alguns progressos, nomeadamente na prevenção da transmissão do vírus de mãe para filho, uma vez que cerca de dois milhões de novas infeções entre crianças foram evitadas desde 2000.
A organização adverte, contudo, que “este progresso não deve levar à inércia, pois a Atualização Estatística destaca que as crianças até aos quatro anos de idade que vivem com VIH enfrentam o maior risco de morte pelo vírus, em comparação com outras faixas etárias”.
Os autores denunciam ainda atrasos nos testes e no tratamento pediátrico do VIH. “Apenas 43% dos bebés expostos ao VIH são testados nos primeiros dois meses de vida e só a mesma percentagem de crianças que vivem com VIH recebe tratamento antirretroviral”, lê-se no documento.
Outra crítica da Unicef vai para o progresso na prevenção de novas infeções por VIH entre adolescentes e a melhoria dos testes e tratamento nesta população que “tem sido inaceitavelmente lento”.
Só em 2016, prossegue o documento, “55.000 adolescentes (10-19 anos) morreram por causas relacionadas com a Sida, dos quais 91% deles eram originários da África subsaariana”.
Segundo os dados, “para cada cinco adolescentes rapazes com VIH, existem sete raparigas infetadas”.
Entre as soluções apontadas pela Unicef consta o investimento e a utilização em soluções inovadoras, como o auto-teste de VIH, tratamento profilático pré-exposição e novos medicamentos pediátricos
“Ampliar a resposta para as crianças, incluindo a expansão dos programas de tratamento e o investimento em novas tecnologias para diagnóstico em pontos de atendimento” e “fortalecer a capacidade dos governos para a recolha de dados completos e desagregados relativamente a dados sobre testes e tratamento, especialmente em adolescentes” são outras das medidas propostas.
A Unicef defende que as intervenções para adolescentes na África subsaariana sejam prioritárias.
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