Abram-se as portas; sentem-se as mulheres e os homens. Faça-se do lugar o lugar dos portugueses e portuguesas. Hoje, como em 1147, Lisboa acolheu o princípio de um novo Portugal.

Os 230 deputados que os portugueses elegeram no início deste mês sentaram-se hoje nas bancadas do parlamento. Entre repetentes e caras novas, destaca-se Jerónimo de Sousa (da CDU), o último deputado da Assembleia Constituinte que ainda está em São Bento.

Esta sexta-feira, a primeira reunião da XIV Legislatura foi… precoce. Acabou seis minutos depois de ter começado. Entre burburinhos, ‘selfies’ e a agitação na dança das cadeiras, 230 mulheres e homens lá se arrumaram.

“Novos e velhos deputados, independentemente do partido, foram-se cumprimentando efusivamente e houve até tempo para tirar fotografias deste primeiro dia”, conta a agência Lusa.

Já durante a tarde, as deputadas e deputados reelegeram Eduardo Ferro Rodrigues como presidente da Assembleia da República. O socialista mantém-se, assim, como a segunda figura do Estado, entre Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro — que deverá ser António Costa, mal tome posse.

E passou-se, assim, o primeiro dia dos próximos quatro anos (ou até Marcelo querer). A estabilidade parlamentar conheceu nestas eleições várias mudanças — entraram três novos partidos.

Em 1147, porém, a invasão era outra: terminava neste dia o cerco de Lisboa, que levou à conquista daquela que é hoje a capital portuguesa. A cidade, tomada pelos árabes, foi reconquistada pelos cristãos.

Saramago — quem mais? — recontaria a história, em História do Cerco de Lisboa, livro de 1989. Em véspera de fim de semana com mudança de hora e tudo, fica a sugestão de leitura.

E se ler não estiver nos planos, há um outro cerco fascinante na história portuguesa: o do Porto. Nos primeiros anos da década de 1830, a Invicta impôs-se às forças miguelistas, durante a guerra civil que opôs o absolutismo régio de D. Miguel ao liberalismo de D. Pedro IV.

Tudo isto surge nos “Caminhos da História”, programa do historiador Joel Cleto no Porto Canal. Os episódios — sobre e outros temas — estão disponíveis na internet, bastando uma breve pesquisa.

Mas para arrancar a maratona de história, sugiro este: aqui, a história é da Assembleia da República.

Mas isso são já outras histórias — também algumas lendas — futuros dias que hão de ser assim. E eu? Eu cá continuo a ser o Pedro Soares Botelho.