Em conferência de imprensa, o ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita reiterou as informações ontem avançadas pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva. A declaração de Estado de Alerta tem efeito imediato e irá vigorar até o dia 9 de abril, "em articulação com as as restantes medidas tomadas pelo Governo".
Estas medidas serão reavaliadas "entretanto", declarou o Eduardo Cabrita. A reavaliação passará pela ponderação da sua dimensão ou eventual prorrogação da data limite em vigor.
O ministro da Administração Interna salientou também que, a partir deste momento, passa a haver uma “interdição” à realização de eventos de qualquer natureza em recintos cobertos que reúnam mais de 1.000 pessoas, assim como de eventos ao ar livre com capacidade para 5.000 pessoas.
Estão, a partir de agora, previstos avisos da Proteção Civil à população, via SMS — situação que não poderia acontecer antes da declaração de Estado de Alerta. Será esta autoridade a definir o "universo", a "natureza" e "quando é que faz sentido" enviar estas mensagens.
O ministro declarou ainda que foi "acionada a medida prevista na Lei de Bases da Proteção Civil que classifica como crime de desobediência com medida sancionatória agravada a violação de orientações e ordens dadas pelas forças de segurança no âmbito das medidas do estado de alerta e das que constam nos diplomas" esta quinta-feira aprovados em Conselho de Ministros.
O Ministro adiantou ainda que "durante o Estado de Alerta cabe às forças de segurança garantir o seu cumprimento, garantir, em articulação estrita com as autoridades de saúde pública, que as medidas de restrição de circulação são rigorosamente respeitadas (...) e que as medidas de restrição de atividade também serão adequadamente cumpridas, por isso a declaração de alerta realça que este dever recai sobre todos os cidadãos".
"A Lei de Bases da Proteção Civil prevê vários níveis de intervenção — Estado de Alerta, Estado de Contingência, Estado de Calamidade — e considerou-se que a situação de alerta é a adequada ao quadro com que nos enfrentamos e que nos dá todos os meios", garantiu ainda o ministro.
“Exceto aos cruzeiros e aos voos provenientes de Itália, neste momento, não temos nenhuma justificação que fundamente o encerramento total de fronteiras”, afirmou Eduardo Cabrita numa conferência de imprensa em Lisboa sobre a situação de alerta declarada hoje.
Questionado sobre os transportes públicos, referiu que está a ser adequado a criação de mecanismo que garantem a sua desinfeção com maior periodicidade e o aconselhamento a todos os cidadãos que tenham aqui também as práticas de proteção individual e de comportamentos de segurança adequadas.
“Por isso, não se coloca neste momento a possibilidade de cessação do funcionamento da rede de transportes públicos, designadamente o metro”, sublinhou.
Ponto de situação
O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que causa a doença Covid-19 subiu para 112 esta sexta-feira, mais 34 do que os contabilizados no dia anterior, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela DGS, há ainda 1308 casos suspeitos, sendo que 172 aguardam resultado laboratorial. Existem também 5674 contactos em vigilância pelas Autoridades de Saúde.
O número cadeias de transmissão ativas aumentou de seis para onze, segundo a nota enviada hoje.
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (53), seguida da Grande Lisboa (46) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com seis casos confirmados da doença. No estrangeiro mantém-se apenas um caso confirmado.
Dos casos confirmados, 33 deles são importados de Espanha (9), França (5), Itália (15), Suíça (3), Alemanha/Áustria (1). Apenas 107 pessoas estão internadas em unidades hospitalares, segundo o boletim, que não acrescenta mais detalhes quanto a esta matéria. Pelo menos um doente curado já teve alta hospitalar, foi ontem confirmado.
Relativamente aos sintomas, maioria das pessoas infetadas por Covid-19 apresenta tosse (65%). Outros sintomas relatados são febre (48%), cefaleia (39%), dores musculares (37%), fraqueza generalizada (24%) e dificuldade respiratória (12%). A faixa etária entre os 40-49 é a que regista mais casos, 28 total. Segue-se a população com idades entre os 30 e 39, com 24 casos confirmados. Dos casos confirmados 68 são do sexo masculino.
O Governo decidiu um conjunto de medidas devido à pandemia Covid-19, entre as quais a suspensão de aulas presenciais nas escolas de todos os graus de ensino, já a partir de segunda-feira, anunciou o primeiro-ministro, numa declaração ao país.
O Governo decidiu também declarar o estado de alerta em todo o país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.
Esta quinta-feira, 12 de março, o Conselho de Ministros aprovou ainda um conjunto de "medidas extraordinárias e de caráter urgente" de resposta à situação epidemiológica do novo Coronavírus. Uma lista que se reparte essencialmente por quatro áreas: apoio às famílias, às empresas, reforço do Sistema Nacional de Saúde e medidas na educação.
O surto de Covid-19 está a motivar, desde a semana passada, o encerramento ou o condicionamento do acesso a serviços públicos, escolas, hospitais e outros equipamentos em Portugal. Conferências, provas desportivas ou eventos culturais também estão a ser afectados. A lista completa pode ser consultada aqui.
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários site onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.
O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro de 2019, na China, e já provocou mais de 4.900 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
O número de infetados ultrapassou as 128 mil pessoas, com casos registados em mais de 120 países e territórios. Quase 70 mil dos infectados já recuperou.
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